ATA DA QUADRAGÉSIMA OITAVA
SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 14.06.1999.
Aos quatorze dias do mês de
junho do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio
Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze
horas foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell,
Clênia Maranhão, Cyro Martini, Elói Guimarães, João Bosco Vaz, João Dib, João
Motta, José Valdir, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Paulo Brum e Pedro
Américo Leal. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio
Hohlfeldt, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Guilherme Barbosa,
Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz,
Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães, Sonia Saraí e Tereza Franco.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da
Quadragésima Quarta Sessão Ordinária que, juntamente com as Atas da
Quadragésima Segunda e da Quadragésima Terceira Sessões Ordinárias e a Ata da
Décima Quarta Sessão Solene, foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo
Vereador Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Providências; pelo Vereador Carlos
Alberto Garcia, 08 Pedidos de Providências; pelo Vereador Gilberto Batista, 01
Pedido de Providências e o Pedido de Informações nº 89/99 (Processo nº
1911/99); pelo Vereador João Carlos Nedel, 01 Pedido de Providências e a
Indicação nº 40/99 (Processo nº 1937/99); pelo Vereador Fernando Záchia, o
Pedido de Informações nº 88/99 (Processo nº 1904/99); pelo Vereador João Dib, o
Pedido de Informações nº 93/99 (Processo nº 1942/99); pelo Vereador Luiz Braz,
o Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 02/99 (Processo nº 1863/99); pelo
Vereador Paulo Brum, 01 Pedido de Providências e 03 Emendas ao Projeto de Lei
do Executivo nº 09/99 (Processo nº 1837/99). Também, foram apregoados os
seguintes Ofícios, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre: de nº 309/99
(Processo nº 1951/99), informando que o Senhor José Fortunati, Vice-Prefeito
Municipal, deverá ausentar-se do Município do dia dezesseis ao dia dezoito de
junho do corrente, quando participará do "12º Congresso Brasileiro de
Transporte e Trânsito", na cidade de Recife/PE; de nº 313/99 (Processo nº
1952/99), informando que Sua Excelência deverá ausentar-se do Município no dia
quatorze de junho do corrente, a fim de participar do Seminário de Planejamento
Público a ser realizado na cidade de São Paulo/SP; de nº 314/99 (Processo nº
1951/99), retificando o Ofício nº 309/99, anteriormente apregoado, e informando
que o Senhor Vice-Prefeito Municipal deverá retornar ao Município no dia
dezenove de junho do corrente. Do EXPEDIENTE constou o Ofício nº 700/99, do
Vereador Antonio Carlos Morandini, Presidente da Câmara Municipal de Ribeirão
Preto/SP. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR,
ao Senhor Ademir Wiederkehr, da Associação dos Funcionários do Conglomerado
Banespa e Cabesp, que externou o posicionamento da entidade que representa,
contrário à privatização do Banco do Estado de São Paulo - BANESPA. Também,
convidou aos Senhores Vereadores para o ato de lançamento do Comitê Estadual de
Defesa dos Bancos Públicos, dia vinte e oito de junho do corrente, na
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, e para ato público em
defesa dos bancos públicos, dia vinte e três de julho do corrente, na cidade de
São Paulo/SP. Na ocasião, o Vereador Antônio Losada formulou Requerimento
verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fossem distribuídas aos
Senhores Vereadores cópias do pronunciamento efetuado pelo Senhor Ademir
Wiederkehr. Também, os Vereadores Eliseu Sabino, Carlos Alberto Garcia, Elói
Guimarães, Lauro Hagemann e João Dib manifestaram-se a respeito do tema
abordado durante a Tribuna Popular. Às quatorze horas e vinte e seis minutos,
os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quatorze horas
e vinte e sete minutos, constatada a existência de "quorum". A
seguir, por solicitação do Vereador Carlos Alberto Garcia, foi realizado um
minuto de silêncio em homenagem póstuma ao Professor Gilberto Tim, falecido no
dia treze de junho do corrente. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, esteve
o Projeto de Lei do Executivo nº 09/99, discutido pelos Vereadores João Dib,
Cyro Martini, José Valdir, Elói Guimarães, Maristela Maffei e Paulo Brum.
Durante o seu pronunciamento no período da Pauta Especial, o Vereador João Dib
registrou o cancelamento da viagem que faria a Recife/PE, em Representação
Externa deste Legislativo, e informou já estar providenciando a devolução dos
valores recebidos a título de diárias e passagens aéreas. Ainda, foi apregoado
Requerimento do Vereador Juarez Pinheiro, solicitando Licença para Tratamento
de Saúde, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossado na
vereança o Suplente Giovani Gregol, informando que Excelência integrará a
Comissão de Constituição e Justiça. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram:
em 1ª Sessão, o Projetos de Emenda à Lei Orgânica nº 01/99, discutido pelos
Vereadores João Dib, José Valdir e Clênia Maranhão, o Projeto de Lei do
Legislativo nº 64/99, discutido pelos Vereadores Cyro Martini, Elói Guimarães e
Clênia Maranhão; em 2ª Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 68/99,
este discutido pelo Vereador João Dib, 70, 71 e 72/99; em 3ª Sessão, o Projeto
de Lei Complementar do Legislativo nº 04/99; em 4ª Sessão, o Projeto de
Resolução nº 26/99. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Alberto Garcia
relatou viagem feita ao interior do Estado, para divulgar as atividades do
Conselho Federal de Educação Física e a implantação do Conselho Regional de
Educação Física no Rio Grande do Sul. Também, teceu considerações a respeito da
organização e realização dos Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul -
JIRGS, destacando problemas resultados do veto à participação, nesses jogos, de
atletas federados. O Vereador Antonio Hohlfeldt informou ter participado de
reunião do Orçamento Participativo na região da Lomba do Pinheiro, registrando
o descontentamento externado por alguns dos participantes quanto à falta de
atendimento, por parte do Executivo Municipal, das obras apontadas pela
comunidade local como prioritárias. Também, defendeu um maior regramento na
sistemática de funcionamento do Programa de Orçamento Participativo. O Vereador
Luiz Braz registrou que a Legião da Boa Vontade - LBV recebeu da Organização
das Nações Unidas - ONU o "status" de "organização consultiva em
caráter geral", o que permite o acesso e participação nos encontros do
Conselho Econômico e Social da ONU, comentando o trabalho realizado pela LBV no
atendimento de meninos de rua, em especial na Cidade de Glorinha/RS. O Vereador
Pedro Américo Leal teceu críticas à atuação do Senhor José Paulo Bisol à frente
da Secretaria Estadual da Justiça e da Segurança, posicionando-se contrário à
possibilidade de desmembramento da Brigada Militar, conforme proposta do Governo
Estadual, e discorrendo acerca do trabalho realizado pela Brigada Militar em
prol da comunidade gaúcha. Na oportunidade, foi apregoado Requerimento de
autoria do Vereador João Dib, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando a
retirada de tramitação da Emenda nº 04 ao Projeto de Lei do Executivo nº 09/99
(Processo nº 1837/99). Em COMUNICAÇÃO DE PRESIDENTE, o Vereador Nereu D'Ávila
relatou sua estada na cidade do México nos dias seis a nove de junho do
corrente, quando representou externamente este Legislativo, juntamente com o
Vereador Adeli Sell, na criação do Parlamento de Legisladores Metropolitanos -
PARLEMET, comentando a importância da participação da Câmara Municipal de Porto
Alegre em eventos internacionais dessa natureza. Na ocasião, o Vereador Pedro
Américo Leal manifestou-se acerca do pronunciamento do Vereador Nereu D'Ávila.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Guilherme Barbosa comentou acidente de
trânsito ocorrido no Bairro Lomba do Pinheiro, dia doze de junho do corrente,
que resultou na morte de três crianças. Ainda, contraditou o pronunciamento do
Vereador Antonio Hohlfeldt, declarando haver seriedade no processo que envolve
o Orçamento Participativo e no cumprimento dos compromissos assumidos pela
Prefeitura Municipal. O Vereador João Bosco Vaz teceu considerações acerca da
realização do Congresso Estadual do PDT, dia treze de junho do corrente,
comentando debates ali realizados e propostas apresentadas pelos participantes
e destacando decisões de aproximação e manutenção do apoio político dado ao
Governo do Estado, com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento das comunidades
gaúchas. O Vereador Reginaldo Pujol, após falar de acidente de trânsito
ocorrido ontem no Bairro Lomba do Pinheiro, atentou para a necessidade do
Município intensificar a fiscalização nos Bairros afastados do centro da
Cidade, reorientando a atuação da Empresa Pública de Transporte e Circulação -
EPTC, através de medidas que previnam e evitem a ocorrência de tragédias no
trânsito da Capital. A seguir, constatada a existência de "quorum",
foi iniciada a ORDEM DO DIA e aprovado Requerimento verbal do Vereador Renato
Guimarães, solicitando alteração na ordem de apreciação da matéria constante na
Ordem do Dia. Em Votação, com referência ao Projeto de Resolução nº 32/97, foi
aprovada a Emenda nº 07, após ser encaminhada à votação pelo Vereador Pedro
Américo Leal; foi rejeitada a Emenda nº 08, por doze votos SIM e treze votos
NÃO, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Pedro Américo Leal, Helena
Bonumá, Luiz Braz, Reginaldo Pujol, Isaac Ainhorn, João Dib e Cláudio Sebenelo,
em votação nominal solicitada pelo Vereador Renato Guimarães, tendo votado Sim
os Vereadores Carlos Alberto Garcia, Fernando Záchia, Gilberto Batista, Hélio
Corbellini, João Bosco Vaz, João Dib, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Paulo Brum,
Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol e Tereza Franco e Não os Vereadores Adeli
Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena
Bonumá, Isaac Ainhorn, José Valdir, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Renato
Guimarães, Sonia Saraí e Giovani Gregol; foi aprovada a Emenda nº 09, após ser
encaminhada à votação pelo Vereador Pedro Américo Leal. Na ocasião, foi
aprovada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos
regimentais. Em votação, foi aprovada a Emenda nº 10 ao Projeto de Resolução nº
32/97, após ser encaminhada à votação pelos Vereadores Pedro Américo Leal e
Elói Guimarães. Em votação, foi apregoada a Emenda nº 11 ao Projeto de
Resolução nº 32/97, encaminhada à votação pelos Vereadores João Dib, José
Valdir, Elói Guimarães e Luiz Braz. Após, às dezoito horas e trinta e nove
minutos, face a inexistência de "quorum" deliberativo, o Senhor
Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, Paulo Brum e Adeli
Sell e secretariados pelos Vereadores Adeli Sell e Paulo Brum, este como
Secretário "ad hoc". Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Passamos
à
O Sr. Ademir Wiederkehr,
representando a Associação dos Funcionários do Conglomerado Banespa e Cabesp,
está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos.
O
SR. ADEMIR WIEDERKEHR: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, colegas bancários, senhoras e senhores.
Ocupo, neste momento, a Tribuna Popular em nome da Associação dos Funcionários
do BANESPA e do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre para destacar um
aniversário muito especial para o povo de São Paulo e do Brasil.
Hoje, dia 14 de junho, o
BANESPA comemora 90 anos, tendo construído uma história que se confunde com o
desenvolvimento de São Paulo e do Brasil.
O Banco foi fundado em 1909
como Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo, com a expansão do
setor cafeeiro no início do século.
Em 1926 foi transformado
para Banco do Estado de São Paulo, estimulando a agricultura e a intensificação
do processo de industrialização.
Segundo o Deputado Federal
paulista Ricardo Berzoini, em pronunciamento na semana passada, no Congresso
Nacional, todas as grandes obras públicas (estradas, ferrovias, hidrelétricas,
metrô, saneamento, hospitais, escolas, etc.) que melhoraram as condições de
vida da população e levaram o Estado de São Paulo a se transformar na
locomotiva do País, tiveram a participação do BANESPA.
Com mais de 500 agências,
das quais duas em Porto Alegre e cinco no Rio Grande do Sul, o BANESPA se
consolidou como o maior banco estadual do País e agente fundamental de crédito
para os municípios do Estado de São Paulo, financiando a produção e gerando
empregos.
No final de 1994, na véspera
da posse do Governador Mário Covas, o BANESPA sofreu a intervenção do Banco
Central. Segundo o jornalista Aloysio Biondi, um dos mais respeitados
profissionais de imprensa do País - que acaba de lançar o livro “O Brasil
privatizado” -, fazendo um balanço dos efeitos das privatizações no Brasil, o
BANESPA foi vítima de manobras para considerá-lo “quebrado”.
Afirma-se que o Banco tinha
um “rombo”, insinuando-se que seria uma situação igual à do Banco Nacional,
Banco Econômico e outros bancos privados que quebraram. No caso do BANESPA,
conforme salienta Biondi, a situação era outra: o dinheiro do banco não havia
sumido, deixando um “rombo”. Na verdade, havia um grande devedor, que tomou
dinheiro do banco e não estava pagando as suas dívidas: o Governo do Estado de
São Paulo. Quem estava “quebrado” era o Governo do Estado. O BANESPA nunca
quebrou.
Na avaliação do Jornalista
Biondi, a equipe econômica do Governo Fernando Henrique Cardoso construiu uma
imagem de “quebra” para o BANESPA, para abrir caminho para a privatização.
No final de 1997, após três
anos de intervenção do Banco Central, o Banco foi federalizado, com a
transferência de 51% das ações ON para o Governo Federal. O Governador Mário
Covas entregou o BANESPA e outras estatais paulistas em troca da rolagem da
dívida de São Paulo com a União.
Hoje o BANESPA é
administrado por funcionários do Banco Central e se encontra em processo
adiantado de privatização. Segundo a imprensa, até o final desta semana, pode
sair o edital de venda.
No entanto, isso não altera
a resistência e luta dos bancários e suas entidades sindicais e
representativas, que já dura quatro anos e meio, com o apoio de deputados,
senadores, prefeitos, vereadores, representantes da indústria e comércio,
produtores rurais e outros setores da sociedade.
Cabe aqui ressaltar e
agradecer o importante apoio desta Câmara de Vereadores, da Prefeitura
Municipal e do atual Governo do Estado. Nesta Casa já foram aprovadas diversas
moções contra a privatização do BANESPA, bem como uma lei que tornou o
Município de Porto Alegre acionista do BANESPA, através da doação de 150 mil
ações ON, adquiridas pelos funcionários e aposentados do Banco, dentro do
projeto de transformar o BANESPA em banco público.
Agora pergunto, Senhor
Presidente e Senhoras e Senhores Vereadores; por que vender o BANESPA? Um banco
que tem um patrimônio líquido de quatro bilhões e seiscentos milhões de reais.
Um banco que possui cerca de sete bilhões de reais em seus cofres, “caixa puro”
segundo o “Gazeta Mercantil”.
Para o “Folha de São Paulo”,
o preço mínimo do BANESPA, no caso de leilão de privatização, poderá chegar a
um bilhão e quinhentos milhões de reais. Um valor insignificante. Somente nos
primeiros quatro meses deste ano, o Banco obteve um lucro de quinhentos e vinte
e seis milhões de reais, isto é, um terço do preço de venda. Tenho certeza de
que ninguém venderia uma empresa assim tão lucrativa e que ainda possui e
cumpre enorme função social.
Na realidade, não existe
nenhum argumento técnico para vender o BANESPA, assim também como não há para
privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, o Banco da Amazônia, o
Banco do Nordeste do Brasil, o nosso BANRISUL, os demais bancos estaduais, os
Correios e a PETROBRÁS. A privatização visa tão-somente a atender aos compromissos
firmados pelo Governo Federal no acordo com o FMI.
Gostaria de saber, por
exemplo, qual é o banco privado que vai cumprir o papel social do BANESPA e dos
demais bancos estatais? Quase metade dos contratos de crédito rural no Estado
de São Paulo, pulverizados entre pequenos e médios produtores, são feitos
através do BANESPA. É ainda o único banco presente em quase uma centena de
pequenos municípios no interior paulista. Os bancos privados não cumprem função
social no Brasil. O negócio deles é especulação financeira e lucro fácil.
Também pergunto, Senhor
Presidente e Senhoras e Senhores Vereadores: pode o Banco Central, que está
sendo investigado no Senado pela CPI do Sistema Financeiro, continuar à frente
do processo de privatização do BANESPA? Ainda mais quando o Deputado Federal
Aloísio Mercadante denunciou na CPI que o BANESPA vendeu títulos da dívida
externa, os chamados “bradies”, na véspera e no meio da recente desvalorização
cambial, com enormes prejuízos para o banco.
Quero denunciar que há
evidências de favorecimento e troca de informações privilegiadas, em razão da
escolha do Banco Fator para a avaliação e modelagem para a privatização. O caso
está inclusive na Justiça. Um dos sócios do Banco Fator é irmão do Ministro
Bresser Pereira e de outro irmão nomeado para o Conselho de Administração do
próprio BANESPA. Pode? Já não basta o escândalo dos irmãos Mendonça de Barros
na venda da TELEBRÁS?
Senhor Presidente e Senhoras
e Senhores Vereadores: a sociedade precisa reagir contra esse modelo econômico
que vende as empresas estatais, agrava o desemprego e não resolve os problemas
do País. Nos últimos quatro anos, metade do patrimônio público nacional já foi
“entregue” para a iniciativa privada. No entanto, a dívida interna triplicou e
a dívida externa dobrou. O Governo Federal vai pagar este ano três TELEBRÁS só
de juros da dívida, cerca de 60 bilhões de reais, três vezes mais que arrecadou
com a venda da TELEBRÁS.
Quero finalizar informando
que está em tramitação na Assembléia Legislativa de São Paulo uma Proposta de
Emenda Constitucional (PEC), aprovada em 320 Câmaras Municipais Paulistas, que
determina a renegociação da dívida do Estado com União e a volta do controle
acionário do BANESPA para São Paulo. Porém, com um novo modelo de gestão, com
um Conselho de Administração integrado pelo Governo do Estado e representantes
das Prefeituras, setores da indústria e comércio, produtores rurais e
trabalhadores. O BANESPA e as demais bancos estatais devem ser transformados em
verdadeiros bancos públicos.
Quero aproveitar para
convidar o Sr. Presidente e todos os Vereadores para participarem do ato de
lançamento do Comitê Estadual de Defesa dos Bancos Públicos, que será realizado
no próximo dia 28 de junho, às 18 horas, no auditório Maurício Cardoso, na
Assembléia Legislativa. Quero convidar também para o ato nacional em defesa dos
bancos públicos, que ocorrerá no próximo dia 23 de julho, em São Paulo.
Termino dizendo que o
BANESPA, ao longo de seus 90 anos, deu muitos presentes para São Paulo e o
Brasil, como o financiamento da produção de alimentos, a construção de casa
populares, a realização de obras públicas, a geração de milhares de empregos, o
apoio necessário para o desenvolvimento econômico e social. Hoje, o melhor
presente que nós podemos dar a esse Banco, que virou cartão postal de São
Paulo, é comprometer-se a lutar em defesa dessa instituição e contra a sua
privatização, mobilizando a sociedade brasileira e cobrando providências
especialmente do Presidente Fernando Henrique Cardoso e do Governador Mário
Covas. Nós não aceitamos para o BANESPA e demais bancos estatais o triste
destino do Meridional, BANERJ, Credireal e outras empresas privatizadas. Nós
podemos e vamos continuar lutando para barrar a privatização do BANESPA. E,
certamente, estaremos aqui de volta no ano que vem para comemorar os 91 anos do
BANESPA como banco público. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. ANTÔNIO LOSADA (Requerimento): Desejamos
saudar a presença dos funcionários do BANESPA e o seu aniversário de 90 anos.
Solicitamos, também, que as notas taquigráficas do pronunciamento do Sr. Ademir
fossem distribuídas aos Vereadores. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE (Nereu D'Ávila): Está
deferida a sua solicitação. Saudamos também os 90 anos do BANESPA e a
manifestação do seu nobre representante.
O
SR. ELISEU SABINO: Em
nome da Bancada do PTB, manifestamos nosso apoio à manifestação do Sr. Ademir
em relação à defesa do BANESPA, ao papel dos bancos públicos e à luta contra a
privatização. Muito obrigado.
O
SR. CARLOS ALBERTO GARCIA:
Sr. Presidente, em nome da Bancada do Partido Socialista Brasileiro, em meu
nome e do Ver. Hélio Corbellini, queremos dizer que estamos engajados nessa
luta, e o PSB faz questão de ressaltar isso, em nível nacional. Até porque todas
as privatizações que foram feitas neste País ainda não trouxeram melhorias na
qualidade de vida da nossa população. Mediante isso, o PSB também está engajado
nesse movimento com o BANESPA, em todo o território nacional. Obrigado.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES:
Queremos saudar a liderança dos bancários, os funcionários aqui presentes e
dizer que nós, do PDT, temos um programa claro sobre a questão e nesse sentido
estamos engajados na luta, até por uma destinação ideológica do nosso Partido,
na defesa de setores estratégicos na mão do Estado, e esse setor é fundamental
para o País e para a Nação. A nossa saudação aos bancários.
O
SR. LAURO HAGEMANN: Sr.
Presidente, Sr. Ademir, embora essas manifestações signifiquem uma elisão
regimental, quero aproveitar para cumprimentar os funcionários do BANESPA pelos
seus noventa anos.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, ao mesmo tempo em que desejo êxito à associação, na sua luta,
lembro que a utilização da Tribuna Popular na frente da Prefeitura Municipal
teria ampla repercussão, e passo às mãos do Presidente o Decreto nº 9.810, que
diz que a Tribuna Popular pode ser feita na frente da Prefeitura, e seria a
primeira vez que ela seria utilizada. O povo de Porto Alegre estaria ouvindo a
associação.
O
SR. PRESIDENTE:
Reiteramos a nossa satisfação em receber hoje, aqui, os bancários.
Suspendemos os trabalhos,
para as despedidas.
(Suspendem-se os
trabalhos às14h26min.)
O
SR. PRESIDENTE (às 14h27min):
Estão reabertos os trabalhos.
O
SR. ALBERTO CARLOS GARCIA (Requerimento): Hoje, às 15 horas, será sepultado um dos grandes nomes do
desporto do Rio Grande do Sul e do Brasil, o Professor Gilberto Tim, com o qual
tive a felicidade de fazer graduação e pós-graduação em atletismo no IPA. Nós
tivemos oportunidade de trabalhar vários anos no Sport Club Internacional. A
trajetória do Gilberto Tim dentro do desporto, do futebol do Rio Grande do Sul
e do Brasil é do conhecimento de todos. Foi bicampeão pelo Sport Club
Internacional, inúmeras vezes Campeão Gaúcho, tanto pelo Internacional como
pelo Grêmio, preparador físico da Seleção brasileira em 1982 e 1986. Realmente,
Gilberto Tim foi uma das pessoas que, na área da qual faço parte, a Educação
Física, revolucionou a preparação física em nosso País, é daquelas pessoas que
sempre foi admirada, onde trabalhou, por todos os seus companheiros. Por isso,
solicitamos que a Casa faça um minuto de silêncio. Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE: Vereador,
nós deferimos de imediato a sua manifestação, inclusive nos juntamos a ela,
fazendo das suas palavras, as palavras da Mesa Diretora da Câmara Municipal em
homenagem póstuma ao desportista Gilberto Tim.
Solicito a todos os
presentes que, em pé, façamos um minuto de silêncio em homenagem ao desportista
Gilberto Tim.
(Faz-se um minuto de
silêncio.)
Passamos à
PAUTA
ESPECIAL
(06 oradores/10 minutos/com apartes)
3ª SESSÃO
PROC.
1837/99 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/99, que dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 2000 e dá outras providências. Com Emendas nºs 01 a 05.
O
SR. PRESIDENTE: O
Vereador João Dib está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, eu deveria, a esta hora, estar-me encaminhando
para Recife, para um Congresso Nacional de Trânsito e Transporte. No entanto, o
vôo foi cancelado e as alternativas que me deram fariam com que eu chegasse a
Recife de madrugada, praticamente perdendo o dia de amanhã. Eu achei melhor não
comparecer e o meu gabinete já está providenciando a devolução das diárias e da
passagem recebidas.
Mas, Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, na continuação da discussão da Lei de Diretrizes Orçamentárias, eu
acho importante algumas coisas aqui colocadas. O Prefeito de Porto Alegre
apenas copiou o Projeto de Lei do ano passado, que encaminhou a esta Casa. Diz,
no Artigo 13: “A admissão de servidores na Administração Pública Municipal será
efetivada conforme o que dispõe o Artigo 19 da Lei Orgânica Municipal.” É
supérfluo. A Lei Orgânica é absolutamente clara, só entra, de acordo com o
artigo 19, através de concurso público. “A investidura em cargo ou emprego
público, bem como admissão de empregados na Administração Indireta e empresas
subsidiárias dependerão de aprovação prévia em concurso público, de prova de
títulos, ressalvadas as nomeações para cargos de provimento em comissão,
declarados em lei, de livre nomeação e exoneração.” Portanto, eu acho que não
havia necessidade de dizer que somente através de concurso ou repetir que
somente através do disposto no artigo 19 da Lei Orgânica. E eu pretendo que o
artigo seja modificado, para que fique absolutamente claro. Eu coloco
exatamente o que diz o Prefeito: “Admissão de servidores na Administração
Pública Municipal será efetivada conforme o que dispõe o artigo 19 da Lei
Orgânica Municipal.” Isso foi o que ele disse. E eu acrescento: E as
cartas-contrato somente serão admitidas nos casos e prazos previstos no inciso
IV do artigo 24 da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993. Ou seja, em casos de
calamidade pública ou de emergência, decretadas. E por que eu faço isso? A Lei
8.666, que é a lei das licitações, é absolutamente clara: “Em casos de
calamidade pública ou de emergência podem ser convocados servidores por prazo
improrrogável de 180 dias.” A lei municipal repete a lei federal, só que, ao
invés de 180 dias, a lei municipal diz 120 dias, improrrogáveis.
Mas eu não tenho
conhecimento de que os Prefeitos do Partido dos Trabalhadores tenham decretado
emergência ao longo desses 11 anos para contratar, como fazem, até juiz de
futebol, por carta-contrato, especialmente na saúde. E o prazo de 120 dias da
lei municipal ou o prazo de 180 dias da lei federal, não é respeitado. Há
casos, e eu trouxe a esta tribuna, de médicos contratados, seis vezes, seis
cartas-contrato. E as cartas encerradas no dia 30.05, a carta seguinte inicia
no dia 05.05, e eu não sei se recebe duas vezes. Então, se esta Casa tem o
dever primeiro de fiscalizar a lei, de fiscalizar o cumprimento da lei há de
aprovar, agora, esta Emenda que, no ano passado, não aprovou; mas agora eu
demonstrei. Há enfermeiros, auxiliares de enfermagens, médicos e outros tantos
contratados, três, quatro, cinco e seis vezes. E como disse, ainda não estava
encerrada uma carta, já estava iniciada outra, afrontando todas as leis,
municipais ou federais.
Então espero, que a Casa que
aceita do Prefeito que as contratações só se farão na forma do Artigo 19 da Lei
Orgânica, explicite que carta-contrato deve ter a precedência do decreto de
emergência, ou de calamidade pública. Cento e cinqüenta municípios gaúchos
decretaram emergência, por que Porto Alegre não pode fazer? Até para juiz de
futebol já se fez carta-contrato.
E a segunda Emenda eu estou
discutindo hoje, e eu fiz várias, é que no Artigo 10, estou acrescentando
parágrafo único: “o montante das despesas com saúde, não será inferior a 13%
das despesas globais do Município, excluídos do cálculo as transferências da
União, do Estado, referente ao Sistema Único de Saúde”. Eu não estou inovando,
está escrito na Lei Orgânica do Município, que é 13% das despesas globais do
Município, e a Comissão de Constituição de Justiça por unanimidade já declarou
que o orçamento global do Município inclui as suas autarquias. Eu espero que
esta unanimidade da Comissão de Justiça, onde os dois Vereadores do PT que lá
estavam votaram favoravelmente, seja respeitada pela Casa. Se não quiserem
mudem a Lei Orgânica, dizendo que os 13% se referem a Administração
Centralizada, e eu vou admitir, mas tem que mudar a Lei Orgânica. Aliás a Lei
Orgânica com o Prefeito, o Secretário da Saúde, o Secretário da Fazenda e nós,
os 33 Vereadores, juramos cumprir. Então, não há por que fazer Lei Orgânica,
senão, seria fazer aquele espetáculo a que já assisti desta tribuna, de pegar
uma Resolução do Conselho Nacional de Petróleo e rasgá-la; então, rasgaríamos a
Lei Orgânica, porque ela não é respeitada. Mas, como acredito na Comissão de
Justiça, como acredito na Comissão de Finanças tenho a absoluta convicção de
que todos os Vereadores, pela seriedade e responsabilidade que têm, farão valer
a Lei Orgânica que todos juramos cumprir. Saúde e paz!
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: No
período de Pauta Especial tem a palavra o Ver. Cyro Martini.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores e Sras. Vereadoras.
Compareço a esta tribuna
para analisar e expedir meu juízo de valor acerca das propostas da Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Atenho-me especificamente à temática relativa a
transportes, que insisto em dizer que deveria ser capitulada nos termos
“trânsito e transportes”. Não admito que o trânsito seja, em que circunstâncias
forem, secundarizado, e para não ser secundarizado deve começar por aqui: deve
ser “trânsito e transportes”. Transportes secundariza o trânsito e acho que
isto está completamente equivocado. É um entendimento meu. É um juízo de valor
meu.
Mas, neste tema, entre as
diretrizes, há uma que trata de “promover programas de educação no trânsito nas
escolas da rede municipal, e veículos de comunicação, visual, escrita e falada,
coordenadas por órgãos municipais competentes. Realmente, a parte da educação
para o trânsito deve ser desenvolvida com todo vigor e com toda e devida
expressão dentro daquilo que se providencia em termos de administração do
trânsito. A educação para o trânsito não pode ficar esquecida dentro desse
processo, onde o tripé - engenharia, educação e policiamento,- exige, com
doutrina internacional, que se promova a educação para o trânsito. De fato,
está certo.
Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, o próprio Código Nacional de Trânsito, tão confuso, tão
inconstitucional, tão absurdo e exagerado em vários aspectos, entretanto, num,
conquanto ele seja minucioso e exagerado, ele deve ser aplaudido, no capítulo
que trata da educação para o trânsito. Nesse capítulo ele exige, e muito, dos
meios de comunicação social e de outros recursos oferecidos pelas instituições
da nossa sociedade, para abrirem espaço de modo a promover uma ampla atividade
destinada à educação para o trânsito. Não há dúvida que por este caminho nós
teremos que trilhar, temos que andar.
Mas querer, por exemplo,
substituir a educação pela fiscalização ou, o contrário, a fiscalização pela
educação, não é o caso. Insisto - a doutrina internacional coloca três ações,
essas duas, entre elas -: nós temos que fazê-las andar passo a passo.
Hoje, em Porto Alegre,
enfatiza-se, com resultados satisfatórios e vitoriosos, a fiscalização para o
trânsito, mas em matéria de educação ainda não atingimos o devido ponto. O que
se vê na televisão, nos jornais, é matéria paga, aliás, pelo DETRAN que, na
minha época, não contava com um tostão furado e hoje tem recursos de monta.
Eu até fico contente que ele
tenha disponíveis recursos de expressão. Na minha época, quando o DETRAN era da
Polícia, não contava com um centavo, com um tostão. Tem alguém até que diz que
ele saiu da Polícia, justamente, porque agora tem dinheiro e que a Polícia não
é lugar para isso. Eu também concordo, a Polícia deve trabalhar segundo os seus
deveres e as suas atribuições, não visando ao dinheiro e ao lucro. Se é por
isso, saiu bem o DETRAN da Polícia, porque esta não coloca no seu trabalho esse
interesse pelo dinheiro, ninguém anda cobrando taxas, tarifas, não é essa a sua
preocupação. A preocupação lá continua a mesma do nosso tempo, Ver. Pedro
Américo Leal, a Polícia não lida com dinheiro e não quer saber disso.
Esse parêntese foi para
mostrar que hoje há recursos nessa área que são aplicados tibiamente; com os
recursos que há, teriam que promover mais. Nós, sem dinheiro algum, fazíamos
muito mais do que isso. Milagre? Não, dedicação, empenho, para, depois, sofrer as
críticas que temos sofrido hoje e as injúrias, diversas vezes, no governo
anterior. Até hoje, alguns, por baixo, colocam algumas agressões de caráter
moral.
É bom que os ouvintes
saibam, agora, que começam a aparecer certos problemas com relação à CHCs e
carteiras, eles vão se dar conta que, na época da Polícia, o policial tinha um
Código Penal e uma disciplina dura contra ele. Alguns dizem que acontecia
alguma coisa. Agora, com o CHC, tipo armazém, tipo bar...
O
Sr. Pedro Américo Leal:
V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. estava-me
provocando, no bom sentido, com olhares, para que eu viesse à tribuna dos
apartes.
O
SR. CYRO MARTINI: Tem
que refletir sobre a época em que o DETRAN era da Polícia e, agora, quando ele
não é. Qual é a diferença?
O
Sr. Pedro Américo Leal:
E era sem dinheiro algum; não recebíamos nada. Eu pergunto a V. Exa. se não é
verdade que nós fornecíamos a carteira de motorista em vinte e quatro horas.
O
SR. CYRO MARTINI: Em
vinte e quatro horas, não! Na mesma hora.
O
Sr. Pedro Américo Leal: Qual
foi a grande vantagem em tudo isso?
O
SR. CYRO MARTINI: Uma
grande vantagem, obtém lucro. No nosso tempo, não entrava isso aí.
O
Sr. Pedro Américo Leal: Nós
fornecíamos na mesma hora. Fornecer antes da hora é muito difícil! Agora a
carteira vem pelo Correio, uma atrapalhação incrível. Aliás, ela vem certa, mas
dali a tantos dias. Eu não entendi o porquê dessas inovações.
O
SR. CYRO MARTINI: Se V.
Exa. pegar a inspeção de segurança veicular e se der conta de que isso interessava
ao capital internacional, que isso é uma mina de outro, V. Exa. vai entender
que o CHC é o “ossinho” que jogaram para o lado, mas, realmente, o interesse
maior está na inspeção de segurança veicular. Houve algum problema nesse campo
entre os que o disputavam. Houve alguma briga entre os litigantes, que acabou
dando no que deu na inspeção de segurança veicular, que, eu espero, passe para
as prefeituras.
Se alguém precisa de
dinheiro, são as prefeituras; então, que se passe para elas, embora eu entenda
que o trânsito jamais deva ser mercantilizado, jamais possa ser transformado em
mercadoria. Carteira de habilitação não é feijão, registro de veículos não é
arroz; é serviço público, ou melhor, é atividade de polícia administrativa, e,
como tal, não pode ser vendido, comprado, doado, seja lá o que for.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V.
Exa. tem muitas condições para fazer a avaliação de todo esse assunto, porque
foi diretor de trânsito.
O
SR. CYRO MARTINI: V.
Exa. foi chefe, num escalão maior, e sabe bem mais do quanto nós lutamos. Mas
vamo-nos parabenizar por estar entre as diretrizes a educação para o trânsito.
Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Juarez Pinheiro solicita licença para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.: Foi aprovado o
Requerimento de licença do Ver. Juarez Pinheiro e dada posse ao Suplente,
conforme consta da Ata.)
Com a palavra o Ver. José
Valdir, em Pauta Especial, Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias que
o Executivo encaminha à Casa apresenta dois aspectos que acho da maior
relevância, um é a questão da descentralização, outro em relação à educação, em
que vou deter-me mais no dia de hoje.
Sobre a questão da
descentralização, fico muito satisfeito em ver que este Projeto trabalha com
uma questão-chave, hoje, principalmente nas grandes cidades, que é o incentivo
ao centros de bairros e a descentralização cultural. E me é muito grato ver
que, na descentralização cultural, talvez pela primeira vez, haja a menção ao
apoio à cultura nativista.
Digo isto, porque tivemos um
Seminário, neste fim de semana, nesta Casa, promovido pela Comissão de
Educação, Cultura e Esportes, onde esta questão do nativismo foi bastante
discutida, dentro do tema global do Seminário que foi Globalização e Culturas
Regionais, onde se fez, inclusive, uma conceituação de nativismo,
tradicionalismo e folclores. Foi um Seminário bastante produtivo.
Acho que a questão do
resgate, do apoio ao nativismo é uma questão da maior importância constar nas
diretrizes da nossa política cultural. Sobre este tema, posteriormente, se
tiver oportunidade, quero voltar a debater.
Hoje, pretendo referir-me a
outro conjunto de questões, que me parecem extremamente importantes, relativas
à questão da educação. O Projeto de Diretrizes Orçamentárias do Executivo
aborda três aspectos que são da maior importância. Um, a questão da prioridade,
outro a questão da qualidade no ensino e o terceiro a questão da participação.
A questão da prioridade para mim é chave, porque os municípios cada vez mais
têm que se preocupar com aquilo que é da sua prioridade, da sua competência,
estabelecido pela Constituição e normatizado através da Lei Complementar, que
foi a Lei de Diretrizes e Bases. Acho que, inclusive, os municípios já
receberam encargos demais, porque toda educação infantil e o ensino
fundamental, portanto de zero até a complementação do primeiro grau, tudo isso
hoje é prioridade do Município. Só aí nós temos uma tarefa hercúlea para o
município assumir.
Muitas vezes na conjuntura
em que vivemos é isso que está ocorrendo, sem os recursos, sem os aportes de
recursos diretos e indiretos para a educação, porque os municípios estão sendo
penalizados por toda uma política de centralização financeira, que hoje está
sendo motivo de movimentos generalizados, suprapartidários em todo o país.
Então eu acho que esta
prioridade coloca para o Município e para nós Vereadores, que temos que cada
vez mais nos dedicarmos e fazer um esforço muito grande para que o Município dê
conta dessa prioridade, que é a educação infantil de zero aos seis anos e o
ensino fundamental, que corresponde ao primeiro grau.
Estes projetos que visam
atribuir responsabilidades ao Município em nível de segundo e terceiro grau,
como já aconteceu nesta Casa, acho que é sonho e está fora daquilo que
estabelece a Lei de Diretrizes e Bases.
A outra questão extremamente
importante é a questão da qualidade de ensino. Qualidade vista não só como o
acesso físico à escola, mas qualidade no sentido amplo. O que nós queremos é
que a educação tenha cada vez mais um padrão unitário de qualidade, ou seja,
que independente de um estudante entrar em uma escola do Município ou do Estado
ou em escola particular que nós tenhamos um mesmo padrão de qualidade, porque
isso evita aqueles movimentos de migração de uma escola para outra, na medida
em que uma escola tenha qualidade supostamente melhor do que a outra, agravando
o problema da educação. Nós vemos muitas vezes movimentos que migram da escola
estadual para escola municipal ou da escola pública para escola privada ou
nesta conjuntura de crise, de desemprego, fenômeno inverso, migrando das
escolas particulares para as escolas públicas, por questão econômica.
Portanto, esta questão de
nós termos um padrão unitário, de qualidade, ela é fundamental, mas não é só
isso, quando nós falamos em qualidade de ensino, nós queremos um acesso à
garantia do acesso ao conhecimento, desde aquele aluno que está no centro da
Cidade ou no bairro rico ou lá na periferia, que ele tenha acesso ao
conhecimento, que não é patrimônio de uma classe social, conhecimento é uma
herança, é um patrimônio da humanidade. Portanto os nossos alunos da periferia
têm que ter direito de, por exemplo: assistir Beethoven, tem que ter direito ao acesso a era do computador, as nossas
escolas têm que estar aparelhadas para oferecer para a periferia; talvez mais
aparelhadas do que as nossas bibliotecas, os nossos equipamentos lá na
periferia, exatamente para poder compensar o aluno que não vêm, muitas vezes,
de classes letradas, de pais letrados, que podem em casa, fazer a compensação
por uma escola de qualidade menor.
Portanto esta questão da
qualidade se trata de nós garantirmos o acesso ao conhecimento, mas não é só
isso, para nós garantirmos isso, nós temos que ter uma pedagogia adequada, uma
pedagogia que leva em conta a realidade das nossas crianças da periferia, uma
pedagogia como se diz, voltada para as classes populares, que seja capaz de
fazer este aluno ingressar no mundo do conhecimento a partir da vivência e da
valorização da sua realidade. E nós temos, hoje, no campo da ciência
pedagógica, todo um acúmulo e evolução que colocam os instrumentos adequados
para que a escola possa propiciar esse acesso ao conhecimento, por mais
sofisticado que seja, às crianças e aos adolescentes que estão na periferia. E
está aí, por exemplo, o nosso Paulo Freire. Hoje, a ciência pedagógica é muito
rica, evoluiu o suficiente, e hoje temos teorias, como a do construtivismo e, através
desse instrumental, é colocada a possibilidade para que os alunos não sejam
mais apenas aqueles que recebem o conhecimento. Como dizia Paulo Freire, que a
educação não seja a educação bancária, onde o aluno é um receptáculo do
conhecimento. Não! Que o aluno seja sujeito do próprio conhecimento, que ele
também possa criar e recriar o conhecimento. Essa é a concepção que temos de
qualidade de ensino, e essa qualidade não existe se o aluno não for capaz não
só de assimilar os conhecimentos, mas também de ter uma postura crítica frente
à realidade, frente ao próprio conhecimento, podendo, consequentemente, recriar
esse conhecimento.
O Sr. Cláudio Sebenelo:
Vossa Excelência permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador José
Valdir, eu queria me congratular com V. Exa. pelo seu pronunciamento, e mais do
que isso, V. Exa. abordou os pontos fundamentais de democratização do ensino e
me parece que há uma unidade de pensamento nesta Câmara em relação a isso.
Cumprimento-lhe pela lucidez de seu pronunciamento.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Agradeço
o seu aparte, Ver. Cláudio Sebenelo. Há um outro ponto bastante importante, que
é o da participação, pois não existe escola de qualidade sem a participação da
comunidade escolar, não só nas instâncias formais, como conselhos e assim por
diante, mas na própria elaboração do conhecimento. Não se pode falar em escola
de qualidade sem participação, como não se pode falar em escola democrática, se
essa escola não for de qualidade. Esses dois aspectos estão um para o outro como
as faces de uma mesma moeda. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, na última Sessão, tivemos oportunidade de
expender algumas considerações no item educação, e dizer, principalmente para
os que nos ouvem, a população, que na Lei de Diretrizes Orçamentárias não se
vota volumes em recursos, se vota metas, objetivos, é um indicativo, uma
priorização para determinadas políticas dentro da competência do Município.
Gostaria de fazer algumas
considerações sobre o item transportes, e dizer também que concordo com a
análise feita pelo Ver. Cyro Martini no que diz respeito a essas duas
disciplinas, essas duas atividades, ou essas duas engenharias, a Engenharia de
Tráfego, e a Engenharia de Trânsito, embora o leito carroçável seja o mesmo por
onde passa o trânsito de transporte, mas são duas disciplinas diferentes,
embora tenham um ponto de contato. A questão do transporte em Porto Alegre
envolveria também a questão da fluidez e a questão da circulação, priorizar-se
as vias do transporte. A questão do transporte, especificamente em Porto
Alegre, ela foi “ideologizada”. E aí se fazia um debate intenso na Cidade de Porto
Alegre. Até hoje ainda há resíduos desse debate ideológico que, na minha
opinião, ele não contribuiu para o desenvolvimento do transporte coletivo em
Porto Alegre. Por que temos um bom transporte coletivo hoje? Evidentemente que
está a requerer uma série de calibramentos em determinadas áreas da Cidade,
através de uma gerência permanente de fiscalização, porque há determinadas
áreas onde temos escassez de oferta; e, em outras áreas, temos uma ociosidade
de ofertas. São regulações que os órgãos gerenciais do Município, a Secretaria
dos Transportes e a EPTC, que tratam especificamente do assunto, têm todas as
condições de monitorar.
O transporte, a meu juízo,
se remunera de forma correta. Este Vereador, o Ver. José Valdir e, de resto, a
Casa, puderam dar uma contribuição muito boa, quando se discutia este assunto o
ano passado. Dizia-se que o transporte seria aumentado todos os meses. Pois
passamos mais de ano sem reajuste dos transportes, porque estabelecia-se uma
política séria naquele Projeto, uma política que tratava a matéria de forma
técnica. Mas eu, naquela discussão, quis incluir uma Emenda que eu considero
extremamente oportuna na quadra em que vivemos de desemprego, que é a questão
da automatização que está tomando conta. Dentro deste projeto neoliberal, que
está afastando a mão do trabalhador, a tecnologia está chegando a um ponto que
vamos ter que desembocar numa nova sociedade. Quero saber como vai-se absorver
legiões e legiões sem emprego, sem trabalho. Terá que surgir uma sociedade que
abrigue esses imensos contingentes. A nossa Emenda, naquele Projeto de minha
autoria e da autoria do Ver. José Valdir e da Casa, que deu um balizamento
extremamente técnico para o transporte, a minha Emenda estabelecia a
permanência do cobrador no ônibus, embora, a tecnologia e o processo
tecnológico podem resultar até em uma certa economia no controle que faz o
cobrador. Sustentamos que a função do cobrador é de co-pilotagem, pois ele
contribui, não só para receber a passagem, mas também tem um papel de auxiliar
o motorista, porque estão juntos num processo de integração, onde ambos,
democraticamente, conduzem o transporte.
Há um disposição aqui no
“transporte” que diz: “Melhoria dos controles públicos sobre o sistema e
transporte coletivo da Cidade e implantação de controle eletrônico do número de
passageiros transportados”. Quero chamar a atenção para esse item, pois nós não
estamos votando lei; estamos votando metas, priorizações, objetivos. Porém, já
coloco um pé de um lado da valeta e outro do outro lado, porque quando se fala
nesses controles eletrônicos, creio que aquele dispositivo da lei, em que estão
incluídos, como tripulação mínima do ônibus, o motorista e o cobrador, e nós
temos 10, 12, 13 mil cobradores com famílias atrás deles.
Então, temos que ir devagar
nessa questão da tecnologia, embora sabendo que o processo tecnológico diminui
custos. Aliás, não é bem assim, em um primeiro momento, talvez, diminua custos,
mas tira o trabalho do trabalhador. Temos que lutar com todas as forças para
que o trabalhador tenha assegurado o seu trabalho. É dali, do seu trabalho, que
ele vive, cria a família, educa, e realiza os seus objetivos como cidadão, como
homem.
É um problema essa questão
da tecnologia, que avança com o processo neoliberal no mundo, a concentração do
capital na mão de poucos, que não distribui nem para mão-de-obra. Como vemos na
questão dos bancos, onde já estamos cercados por máquinas. Onde estão seus
funcionários? Estão sendo mandados embora.
Noutro dia eu estava em um
banco, cujo nome não vou mencionar, e uma funcionária me disse que estava se
preparando para ir embora, depois de quatorze anos de casa. Mostrei a ela uma
máquina e lhe disse que essa tecnologia era uma “máquina perversa”.
Nós temos que ter condições
de competitividade, mas nós vamos ter que desembocar em uma nova sociedade, que
seja capaz de contrapor essa tecnologia.
Encerro meu pronunciamento
e, em outra oportunidade, continuaremos a examinar essas questões que são
fundamentais para o interesse da nossa população. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Maristela Maffei está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje de manhã eu participava de um debate no
Colégio Estadual Silva Paes, com três turmas da 8ª série, cujo tema era a
função dos parlamentares, dos vereadores, no contexto da nossa Cidade e na vida
política. Uma das perguntas feitas era sobre quais os Projetos que tramitavam
na nossa Casa e qual o seu grau de importância. Eu coloquei a eles que um dos
Projetos fundamentais para a Cidade, e que estava sendo discutido, era sobre a
Lei de Diretrizes Orçamentárias. Eles também questionavam sobre a questão da
educação, que o Ver. José Valdir colocava muito bem, e qual era o papel do
estudante e também dos Vereadores nessa discussão. Foi um debate muito
interessante.
Voltando à questão da Pauta,
creio que é essa a primeira questão: a participação da comunidade escolar, dos
alunos e dos pais sobre a qualificação do ensino. Acredito que temos que nos
deter, profundamente, nesse tema, pois estamos beirando o ano 2000 e temos o
compromisso de qualificarmos esse processo, cada vez mais, e não termos o
cidadão apenas como um ser que passa e não tem responsabilidade.
Portanto é responsabilidade
nossa motivarmos as comunidades a participarem dos temas, principalmente no que
tange à educação. Se o jovem é o futuro, vamos descobrir uma forma de ele se
tornar o presente; se ele é o presente e o futuro, ele tem que estar na sua
plenitude de participação. Por isso, motivar a participação na discussão da
qualificação do ensino é fundamental para que, de fato, essas políticas sejam
implementadas na prática.
Outra questão importante,
inclusive deparamos até com cenas pitorescas nesta Casa, na semana passada, é a
questão do saneamento básico. O saneamento básico, assim como colocamos na
educação, tem que ser algo preventivo. Desde o início da implantação do
Orçamento Participativo a Cidade o vem apontando como uma das principais
prioridades, e ainda temos muitos problemas para enfrentar. É claro que num dia
choveu por um mês - não foram só alguns pingos, como alguns Vereadores
colocaram aqui -, mas é bem verdade que temos que enfrentar esses problemas; e
enfrentá-los significa prevenir e investir. Se isso é verdade, creio que as
propostas que o Governo tem trazido, junto com os técnicos do Departamento de
Esgoto Pluvial e com a população, que mais do que ninguém tem a noção e a
lucidez de onde realmente estão os principais problemas. Uma obra não pode ser
aquela em que apenas se coloca uma placa para aparecer; obras faraônicas
pensadas por alguns “doutores” da Lei ou mesmo de técnicos que dizem ter todo o
entendimento. Por isso que desenhar e redesenhar uma cidade, como na educação,
como diz Paulo Freire, também é redesenharmos e termos claro o que significa
estar presente nas políticas daquele que no dia-a-dia passa pelos verdadeiros
problemas desta Cidade.
Portanto, o serviço, a
prevenção e a manutenção, são caminhos que nós temos que traçar juntos. Sem
esse entendimento eu acredito que fica muito complicado; e nós mais uma vez
vamos estar discutindo políticas vazias e que não tem uma participação
realmente popular.
Há outra questão que eu
queria trazer aqui para vocês. Na semana passada eu fazia algumas pontuações,
mas tem uma questão que considero fundamental, que é a questão da área de lazer
e esportes que, quando deixadas de lado, descoladas do mundo, onde nós nos
preocupamos com a corrida do dia-a-dia, com a falta de emprego, com a falta de
um salário digno e justo, parece coisa de fantasia, parece que a maioria das
pessoas não podem participar.
Eu tenho um exemplo concreto
com a questão do Parque Saint-Hilaire. O Parque Saint-Hilaire, hoje, tem apenas
uma abertura para que as pessoas possam ir até lá. Têm que se dirigirem até
Viamão para poder ter acesso ao Parque. Nós temos uma discussão no Conselho
Popular da Lomba do Pinheiro, junto com a Secretaria, desde o tempo do nosso
querido Ver. Giovani Gregol, sobre uma abertura do Parque Saint-Hilaire na
Lomba do Pinheiro.
O
Sr. Giovani Gregol: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Minha cara companheira e
amiga Vera. Maristela Maffei, estou atento e realmente me chamou a atenção essa
questão, porque quando eu ainda era Secretário do Meio Ambiente, nós, junto com
a comunidade, e na época era uma proposta anterior a minha passagem por lá,
abrimos vários locais, indicados e sugeridos pela própria comunidade. Abrimos
lugares de acesso permanente, 24 horas por dia, com playground e outras
facilidades, de forma descentralizada, de maneira que aquelas populações,
inclusive de baixa de renda, e são inúmeras as que cercam o Parque, não
precisassem dar uma enorme volta para entrar pelo portão central na Av. Bento
Gonçalves. Nós negociamos com a população e, em troca, fizemos todo um trabalho
de educação ambiental para que aquele acesso não viesse a se tornar uma
depredação. Ainda no início do Governo Tarso Genro, já na segunda
Administração, e isso estava dando certo.
Muito obrigado.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Com
certeza, Vereador, inclusive foram implementados sete pontos de abertura, mas
não é apenas isso. Nós queremos ampliar essa discussão. Hoje nós não queremos
apenas ter acesso ao Parque; nós queremos ter os mesmos instrumentos, que hoje
estão mais no lado de Viamão com essa abertura, com campos, quiosques, cancha
de futebol, áreas de atletismo. Isso está sendo priorizado no Orçamento
Participativo deste ano. Nós acreditamos que essa discussão da Lei de
Diretrizes Orçamentárias vai ensejar a vontade não apenas da comunidade da
Lomba do Pinheiro, mas de toda a Zona Sul, que não vai precisar mais fazer a
volta, tendo um acesso com urbanização, guardas e iluminação.
Nós temos o início desse
trabalho, que foi feito na sua gestão, e estamos ampliando de uma forma ainda
melhor.
Gostaria de colocar, ainda,
uma questão que considero crucial e fundamental para toda a Porto Alegre, que é
a questão dos transportes. Uma questão fundamental é, cada vez mais, promover
programas de educação no trânsito, nas escolas da rede municipal e veículos de
comunicação, contra a violência no trânsito. Infelizmente, saímos agora de uma
tragédia na nossa comunidade, onde morreram três crianças por
irresponsabilidade de um motorista alcoolizado, que atropelou e matou desgraçadamente
aquelas crianças, enlutando a nossa comunidade. É fundamental que tenhamos mais
recursos e façamos deles uma maior prestação à comunidade, no serviço de
comunicação e conscientização. Não é mais possível convivermos com esse tipo de
delinqüente que está no trânsito, matando os nossos filhos e as nossas filhas.
O
Sr. Fernando Záchia: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Sei que V. Exa. tem a
preocupação, principalmente por pertencer à comunidade da Lomba do Pinheiro,
mas hoje, estarrecido ouvi, às 12h30min, uma entrevista com o Secretário Mauri
Cruz, dizendo que, infelizmente, o motorista estava alcoolizado, que era
excesso de velocidade, mas que ele também reconhecia a pouca sinalização na
área. E dizia mais, o que me estarreceu: que o Orçamento Participativo tinha
decidido que aquela região teria que ter uma maior fiscalização dos agentes da
EPTC, e não tinha.
A
SRA. MARISTELA MAFFEI: Ver.
Fernando Záchia, nós temos uma comissão de transporte organizada naquela região
e nós acompanhamos a participação das pessoas. Aliás, Vereador, eu queria fazer
um repúdio a alguns meios de comunicação que fazem sensacionalismo em cima da
desgraça das pessoas, quando nós sabemos que foi uma irresponsabilidade de um
motorista alcoolizado. É nisso que temos que trabalhar e não reforçar a
miserabilidade com o desrespeito à pessoa humana, da forma como alguns meios de
comunicação tripudiam. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Paulo Brum está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O
SR. PAULO BRUM: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. Vimos fazer algumas considerações sobre a Lei de
Diretrizes Orçamentarias para o ano 2.000. Analisando com carinho, até nos
sentimos satisfeitos com as questões que vêm sendo debatidas e colocadas para o
ano 2.000. Pela primeira vez, Sr. Presidente, podemos constatar, com
satisfação, por ser essa a nossa luta e até por vivenciar o dia-a-dia de um
cidadão com deficiência, que, pela primeira vez, a LDO, para o próximo ano, de
uma certa maneira prioriza algumas questões que nós achamos de extrema
importância para a integração plena de um cidadão portador de deficiência. No
item saúde, vemos: “Programas especiais para pessoas portadoras de deficiência,
visando à integração ao mercado de trabalho”. Nesse item, não conseguimos ter
uma certa definição: por que “integração ao mercado de trabalho” vinculado à
saúde? Talvez tenhamos que analisar com mais profundidade esse item.
No item transporte nós
vemos: “Apoio ao desenvolvimento de formas alternativas de transporte”, que
seriam as ciclovias; “Promover programas de educação no trânsito nas escolas da
rede municipal e veículos de comunicação”. Este item é de extrema importância,
porque temos que pensar na prevenção, porque remediar sempre custa mais caro
para as vidas, mais caro para o próprio Poder Público. Por isto, este item
“Promover programas de educação no trânsito nas escolas municipais”, com
certeza vem ao encontro do que propugnamos, que é a prevenção de acidentes.
Analisamos, também, com
carinho, no mesmo item transportes, a “Ampliação dos transportes coletivos
adaptados para pessoas portadoras de deficiência”. Em todos os anos em que aqui
estamos sempre tivemos a preocupação de procurar emendar a LDO com essa
questão, e estamos agora felizes por vermos que o Poder Público está sensível a
esta nossa luta, que é a de dar ao cidadão com deficiência o mesmo direito de
igualdade de todos os cidadãos.
O
Sr. João Dib: V. Exa.
permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Paulo Brum, acompanho
com interesse a explanação de V. Exa., mas o interesse de V. Exa. não é igual
ao do Prefeito, que apenas copiou a Lei de Diretrizes do ano passado. Estou
acompanhando, exatamente na Lei do ano passado, a preocupação de V. Exa.:
“Ampliação dos transportes coletivos adaptados para pessoas portadoras de
deficiência”.
O
SR. PAULO BRUM: Esta foi
uma Emenda de nossa autoria.
O
Sr. João Dib: Exatamente,
foi Emenda de V. Exa., lembro bem. Toda Lei de Diretrizes Orçamentárias é
apenas uma cópia da do ano passado.
O SR. PAULO BRUM: Agradeço
a V. Exa. pelo aparte.
Vemos, enfim, que algumas
coisas estão acontecendo. Por exemplo: em 1995, quando assumimos aqui, foi uma
das grandes preocupações, até por vivenciarmos o dia-a-dia de um cidadão que,
porventura, tem de utilizar uma cadeira de rodas para se locomover, que não
adianta nada nós oferecermos as condições, os prédios adaptados, o trabalho, se
esse cidadão não tiver o direito à locomoção e ao transporte, como todo cidadão
tem reconhecido. Porque nós, que utilizamos cadeira de rodas, consideramos a
nossa locomoção muito cara, pois devido à falta de transporte adaptado em todos
os níveis, nós, ao utilizarmos um outro transporte, como o táxi, temos que
pagar muito mais caro do que um cidadão comum, que utiliza um simples
vale-transporte no coletivo.
Temos que destacar que o
nosso Poder Público municipal já vem-se preocupando com essa garantia do
direito de ir e vir de todo o cidadão. Em 1996, iniciou-se o processo aqui na
Capital, com apenas sete ônibus adaptados. E hoje, para nossa felicidade, já
estamos com quase cinqüenta ônibus adaptados, inclusive com a própria empresa
privada colocando seus veículos adaptados também para atender essa demanda da
população. Por isso, podemos dizer que estamos sentindo que as coisas estão
acontecendo na nossa Capital. Por exemplo, aqui no item transporte diz:
“Priorizar o desenvolvimento de ações coordenadas e programas, buscando a
adaptação de calçadas, sinaleiras, caminhos e espaços adequados, com o objetivo
de permitir e facilitar o deslocamento, com segurança, de pessoas portadoras de
deficiência”.
Também vemos que esse item,
de um certo ponto, contempla a lei que nós aprovamos nesta Casa, de autoria do
Poder Executivo, que trata basicamente da eliminação de barreiras e da
acessibilidade das pessoas com deficiência física e de difícil locomoção. Nesse
item - o Sr. Prefeito fala aqui em sinaleiras -, nós também queremos salientar
que em 1996 aprovamos uma lei nesta Casa que torna obrigatória a implantação de
dispositivos sonoros nos semáforos para a travessia de pedestres no Município
de Porto Alegre, basicamente para facilitar a travessia dos nossos deficientes
visuais, os cegos, que, naquela época, por infelicidade, o Sr. Prefeito vetou o
nosso Projeto de Lei e esta Câmara, com a sensibilização dos Srs. Vereadores,
derrubou o veto do Sr. Prefeito. Agora vemos, com uma certa satisfação, que o
Sr. Prefeito prioriza, para o ano de 2000, a implantação de sinaleiras com
dispositivos para facilitar a travessia do deficiente visual.
Nós aproveitamos e
colocamos, no item “Organização da cidade”, onde fala em apoio ao esporte e
cultura, uma Emenda, como sugestão ao Poder Executivo: “Apoio ao esporte
adaptado para pessoas portadoras de deficiência”. Nós vemos, com uma certa tristeza,
que em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul o incentivo ao esporte sobre cadeira
de rodas não é muito difundido. Por exemplo, nas cidades do Rio de Janeiro e
Curitiba e nos Estados do Norte e Nordeste, vemos que é muito comum a prática
do esporte sobre cadeira de rodas, inclusive, sempre com representação nacional
nas Paraolimpíadas sobre cadeira de rodas. Apresentamos, portanto, como
sugestão ao Sr. Prefeito, esse item, para que possamos buscar, sim, a plena
integração das pessoas portadoras de deficiências.
No item “Política de geração
de renda” estamos apresentando uma Emenda na qual solicitamos que seja
estudado, por parte do Poder Público, a viabilização de se criarem cooperativas
de prestação de serviços para pessoas portadoras de deficiência. Nós sentimos
que a única maneira de buscarmos a plena integração do cidadão com deficiência
é oferecer-lhe uma oportunidade para que ele possa ter emprego, um trabalho e
uma geração de renda para si e sua família. Teríamos outros itens para
destacar, Sr. Presidente, mas fica para a próxima oportunidade. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Está encerrado o período de Pauta Especial.
O
SR. PRESIDENTE (Paulo Brum):
Passamos à
PAUTA
(05 oradores/05 minutos/com apartes)
1ª SESSÃO
PROC.
1673/99 - PROJETO DE EMENDA À LEI ORGÂNICA Nº 01/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
acrescenta § 6º ao art. 116 da Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e dá
outras providências. (Recursos financeiros para UAMPA)
PROC.
1710/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
dispõe sobre a instalação de cercas eletrônicas de proteção no Município de
Porto Alegre e dá outras providências.
2ª SESSÃO
PROC.
1733/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 068/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que
inclui o “Torneio Aberto de Golfe Município de Porto Alegre” no Calendário de
Eventos Oficiais de Porto Alegre.
PROC.
1790/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/99, de autoria do Ver. Cláudio Sebenelo, que
denomina Esquina da Comunicação à confluência da Rua Caldas Júnior com a Rua
dos Andradas, no centro de Porto Alegre.
PROC.
1800/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/99, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
institui, no âmbito municipal, o Dia Nacional da Polônia.
PROC.
1819/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 072/99, de autoria do Ver. Guilherme Barbosa,
que denomina Rua Monteverde um logradouro irregular localizado no Bairro Belém
Velho.
3ª SESSÃO
PROC.
1700/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 004/99, de autoria do Ver. Fernando Záchia, que
altera a redação do § 3º do art. 69 da Lei Complementar nº 07, de 07 de
dezembro de 1973, que institui e disciplina os tributos de competência do
Município, especialmente alterada pela Lei Complementar nº 209, de 28 de
dezembro de 1989, e dá outras providências. (altera percentual da multa
referente débito para com a Fazenda Pública)
4ª SESSÃO
PROC.
1793/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 026/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que altera o
Regimento da Câmara Municipal de Porto Alegre, incluíndo § 2º no Art. 152 e
renumerando o Parágrafo único para § 1º. (inscrição para discussão da Pauta)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, até certo ponto, estou satisfeito de não estar
voando neste momento para Recife.
Na sexta-feira, quando
discutíamos aqui a Pauta e eu falava no Projeto do nobre Ver. Juarez Pinheiro,
que inclui o torneio aberto de golfe no Município de Porto Alegre no calendário
de eventos oficiais, penso que fui mal-entendido.
Uma insigne jornalista
informava-me de que já havia esse torneio aberto, e eu fiquei com medo que
houvesse dualidade. Mas me foi esclarecido que um é Município de Porto Alegre e
o outro é Cidade de Porto Alegre. Então, vou deixar que as coisas corram como
devem correr.
Agora, uma coisa eu gostaria
que ficasse bem clara: a presença do Clube de Golfe de Belém Novo é muito
importante para a vida da Cidade.
Eu confesso que gostaria de
jogar golfe, eu gostaria de disputar torneios. Nunca tive essa oportunidade, e,
agora, muito menos, mas penso até que, pela paciência, pelo controle que tenho
das mãos, eu faria boas tacadas, meu caro amigo Ver. Pedro Américo Leal. Lamentavelmente,
eu não posso, mas me alegra saber que muitos porto-alegrenses podem fazer isso
e que nós temos um novo clube, com quatro ou cinco anos de existência, lá em
Belém Novo, congregando muita gente. Para ele eu desejo toda a sorte, toda a
felicidade, todo o sucesso, e que ele consiga levar muita gente para um esporte
que é realmente muito importante para a saúde de cada um de nós: para combater
o estresse, para combater o colesterol - eu vejo Vereadores preocupados com
isso -, para trazer melhores condições de saúde, melhores condições de vida.
Eu gostaria que ficasse bem
claro que o Clube de Golfe Belém Novo tem todo o meu aplauso. A única dúvida
que eu tinha foi a jornalista que me transferiu.
Por outro lado, o nobre e
eminente Vereador João Bosco Vaz, sensível como é, sentindo os anseios e as
dificuldades da UAMPA, propõe uma Emenda à Lei Orgânica, especialmente porque
na Lei Orgânica de Caxias, onde o PT governa, parece estar contida uma Emenda
para que a União das Associações de Bairros de Caxias do Sul seja aquinhoada
pelo Executivo Municipal todos os anos quando faz a sua distribuição de
auxílios.
Eu não
entendo por que o Executivo Municipal de Porto Alegre não faz uma contribuição,
como faz a tantas outras entidades. Se o fizesse, não precisaria o Ver. João
Bosco Vaz colocar isso na Lei Orgânica. É uma colocação difícil, que vai
precisar de vinte e dois votos. Mas eu tenho uma triste experiência com a
UAMPA, que teve a honra de ser a primeira entidade a aprovar uma Emenda pública
no orçamento, onde a comunidade trouxe uma Emenda e aprovou. Foi a primeira.
Fiquei muito contente quando fizeram isso, especialmente porque se reduzia
igual valor - e foi proposição da UAMPA - a publicidade no Gabinete do
Prefeito, Tarso Fernando Herz Genro, e o Plenário aprovou, por unanimidade. O
Prefeito sancionou. Pensei, Ver. João Bosco Vaz: “se inicia um novo
relacionamento entre a UAMPA e o Município”. A UAMPA, que aplaude e aprova
muitas iniciativas do Município, mas o Prefeito Tarso Genro me decepcionou. Não
perguntou no Orçamento Participativo, não perguntou para ninguém, e suplementou
aquela verba que a UAMPA retirava, uma ínfima quantia, em 13.200%.
Fiquei
realmente entristecido. Se me alegrava ao fato de a UAMPA ter conseguido a
primeira Emenda popular no orçamento, me entristecia depois o Prefeito que
suplementava em 13.200% a publicidade da Prefeitura. São nas contas de 1994,
que até agora não vieram a esta Casa para serem aprovadas. As de 1995 já
vieram, as de 1993 também. Estou esperando, Ver. João Bosco Vaz, as contas de
1994 para saber o que o Orçamento Participativo dizia dos gastos publicitários
da Prefeitura.
Hoje,
ouvia a Secretária Lúcia Camini dizendo que não podia dar melhorias salariais
para os professores do Estado, porque não havia recursos. Mas, os recursos,
agora, não são gastos em publicidade como se gastava no passado.
Vou
observar sempre isto. Saúde e paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Carlos Alberto Garcia está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
CARLOS
ALBERTO GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, na semana passada estivemos viajando e visitando
alguns municípios: Cachoeira, Santa Cruz, Santa Maria, Uruguaiana, para
divulgar o Conselho Federal de Educação Física e a implantação do Conselho
Regional aqui no Estado.
Durante esses dias tivemos a
oportunidade de conversar com aproximadamente oitocentos profissionais colegas
nossos da área.
Mas, ao mesmo tempo, fomos
surpreendidos, principalmente em dois Municípios: Cachoeira e Santa Maria, onde
os profissionais nos fizeram alguns questionamentos, sabendo que nós, além de
profissionais de Educação Física somos Vereadores, e eu Vereador do PSB ligado
à Frente Popular. E o assunto que veio em pauta era o JIRGS. E profissionais
desses dois Municípios, inclusive dirigentes, um coordenador de uma faculdade e
o outro presidente de uma federação, mostravam a sua estranheza e nos cobravam,
como Partido da Frente Popular, a questão dos Jogos Intermunicipais.
Manifestamos a nossa posição de que não sabíamos qual o desdobramento e o
regulamento do JIRGS.
E, neste fim de semana, em
uma competição no CET, tivemos a oportunidade de obter algumas informações. E
realmente estranhamos o que está sendo proposto para o JIRGS. Eu acho que o Rio
Grande do Sul está tendo um grande retrocesso nessa área. Se isso for
confirmado, o Rio Grande do Sul vai ter um grande retrocesso no desporto, visto
que hoje os grandes referenciais do desporto, Santa Catarina e São Paulo, com
seus jogos abertos, copiaram dos Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul.
E o que está sendo proposto
para o entendimento das pessoas, do público em geral? Ficou estabelecido que os
atletas federados não poderão mais participar dos Jogos Intermunicipais.
Somente aqueles que foram federados até 1997, salvo uma cláusula que diz que
aqueles atletas com a idade até 17 anos poderão ser federados.
Eu pergunto a V. Exas.,
hoje, no Rio Grande do Sul, nós temos aproximadamente quinze mil filiados em
bocha. Como serão nos Jogos Intermunicipais do Rio Grande do Sul bocha e bolão,
onde só participam adultos, e todos federados? Eu tenho cuidado, porque parece
que de uma hora para outra queremos excluir os incluídos.
Parece que fazer esporte
competitivo no Rio Grande do Sul virou pecado. E nós não podemos ser coniventes
com essa situação. E ainda mais: é bem claro na proposta do Projeto do JIRGS
que diz que quer oportunizar a questão dos portadores de deficiência, e aí
mostra um contra-senso que diz: “No caso das pessoas portadoras de deficiência,
fica aberta a participação de atletas federados, devido a especificidade do
desporto para-olímpico.” Então os portadores de deficiências podem ser
federados, os demais não. Aqui, já está uma desigualdade. Estão querendo tratar
todo mundo igual, mas aqui está uma desigualdade. No nosso entendimento, o
atleta é atleta em todos os segmentos. O que defendemos é que o federado pode.
Temos mais um contra-senso:
o próprio Município de Porto Alegre, que é administrado pelo PT, é frontalmente
contra. Ou seja, a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, que é administrada
pelo PT, é frontalmente contra. A Prefeitura de Porto Alegre tem uma posição
clara, ela é a favor de atletas federados e quer que quando Porto Alegre for
competir os atletas vão competir na sua plenitude. O Estado, por sua vez, não.
Aí também está uma dicotomia que gostaríamos que fosse esclarecida por parte da
Bancada Governista. Precisamos desse esclarecimento para o desporto. Alguma
coisa não está casando neste aspecto.
Durante muitos anos, Porto
Alegre não participou do JIRGS, porque disseram que quando Porto Alegre
participasse ela seria imbatível; mas, quando Porto Alegre começou a competir,
ela também não era imbatível. Queremos é que cada município tenha a sua
representatividade da melhor forma possível, até porque atletas federados,
esporte de alto nível ,são poucos que se faz neste País e neste Estado. Muitos
atletas são federados para ter uma participação mais orgânica. Eles fazem
rifas, galetos, churrasquinhos para poder competir. De uma hora para outra, parece
que aqueles que são os incluídos poderão ser excluídos. Por que diferenciar as
pessoas portadoras de deficiências dos demais? Todos são atletas, é isso que se
propõe.
Por isso, gostaríamos que
essa discussão fosse feita nesta Casa. Em maio, ou em junho começa a fase
municipal, e não sabemos nada até agora. Nenhum município do Estado do Rio
Grande do Sul começou a pensar em JIRGS. Talvez tenhamos o risco de passar o
ano e não termos os Jogos Intermunicipais no Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cyro Martini está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. CYRO MARTINI: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, chamou-me a atenção na Pauta da Sessão de
hoje o Projeto de Lei apresentado pelo Ver. João Bosco Vaz, Projeto pelo qual
ele pretende facultar a instalação de cercas eletrônicas de proteção às
residências e empresas no Município de Porto Alegre. Na sua Exposição de
Motivos, encontramos esclarecimento melhor acerca de sua proposta, pois, nos
termos iniciais da Exposição, o nobre Vereador diz que o desemprego avança a
cada dia e junto com ele a marginalidade. Os assassinatos, arrombamentos e
assaltos multiplicam-se, principalmente em residências e empresas. O marginal
não respeita mais grades, cachorros, alarmes, etc., e o sistema de segurança
patrimonial, mediante a utilização de cercas eletrônicas, quando observadas as
especificações técnico-científicas recomendadas, não colocam em risco a vida ou
a saúde de pessoas ou animais. E assim prossegue na sua Exposição de Motivos.
De plano, cabe aqui uma
observação que penso não ter sido feliz em sua colocação inicial, quando o
Vereador relaciona desemprego com marginalidade, isto é, com criminalidade. Eu
acho que aí teríamos que discutir, porque não há uma relação absoluta de causa
e efeito; caso contrário, teríamos um caos total no País, pois só na Grande
Porto Alegre há trezentos mil desempregados. O Presidente não precisaria
renunciar, ele seria renunciado imediatamente, porque são milhões de brasileiros
desempregados.
O que me chama a atenção é o
mérito do Projeto, no que diz respeito à segurança. De fato, hoje a nossa
segurança está em calamidade, e nós temos que encontrar soluções. As famílias
não têm mais como se acomodar de modo quieto, não se sentem tranqüilas, são
obrigadas a colocar grades, fechaduras, trancar-se por trás de uma cadeia. Os
comerciantes também. Há muitos comerciantes que já não abrem suas portas, a não
ser por trás das grades. Eu tenho bem presente na memória um armazém, lá na São
José, que não abre nunca, está sempre entre grades.
O
Sr. João Bosco Vaz:
Então, já quebrou!
O
SR. CYRO MARTINI: Ele
não quebrou porque, felizmente, os vizinhos, os fregueses entenderam que ele
não tinha outra solução. Então, realmente a segurança é uma preocupação. Agora
tem uma coisa, se a cerca eletrônica for eficaz, ela não pode ser aplicada, por
quê? Porque se surgir efeitos danosos contra pessoas, não poderá ser utilizada.
Infelizmente nós concordamos. Não há um plano de segurança, aliás os policiais
reclamam e com razão, não há um plano de segurança, o que há no ar por ai, é
alguma coisa querendo impedir o trabalho policial, criar maiores obstáculos.
O
Sr. Pedro Américo Leal: V.
Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O grande problema é a
impunidade. Nos estados do nordeste o sujeito foi assaltante, não é assaltante,
ele foi assaltante, ele é morto ali. E é para isto que nós temos que caminhar o
Brasil. Esta balbúrdia, este descalabro, esta desorganização tem que ter um
ponto de limite, tem que ter um ponto distante disso, e só pode ser através da
força; não há outra solução.
O
SR. CYRO MARTINI: Quanto
à extinção da criminalidade, nós concordamos. Só com relação aos meios
aplicados para chegarmos a este fim é que nós discordamos. Muito obrigado Sr.
Presidente.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Antonio Hohlfeldt está com a palavra, em Comunicação de Líder.
O
SR. ANTONIO HOHLFELDT:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a convite de alguns presidentes de associações
de bairros que integram a região do micro-orçamento, ligado à toda aquela
região da Lomba do Pinheiro, participei da reunião plenária que ocorreu no
último sábado na Faculdade de Veterinária. Fiquei satisfeito, em primeiro
lugar, por ver o auditório da Faculdade absolutamente tomado, uma reunião
extremamente bem organizada, a manifestação das lideranças comunitárias
acontecendo, a entrega da documentação para que depois o Executivo faça os
encaminhamentos necessários. Tive o prazer, inclusive, de encontrar um companheiro,
Vereador do PT, participando da reunião. Mas o que me chamou atenção foi que, à
medida que as pessoas me viam lá, vinham-se queixar da falta de atendimento das
obras selecionadas. Passaram-me, inclusive, exemplares de jornais onde a
comunidade reclama do descumprimento das obras aprovadas pelo Orçamento
Participativo, e que, muitas vezes, têm atraso de um ou dois anos, como, por
exemplo, o levantamento topográfico da Serra Verde; continuação da urbanização
da Vila Esmeralda; asfalto no Beco da Taquara; asfalto na rua A e B, na Vila
Nova, São Carlos; construção da unidade de saúde na Parada 12; retirada dos
abrigos na parada 21, por parte da EPTC, substituindo um conjunto de abrigos
por dois abriguinhos, Ver. José Valdir, que obviamente com esses dias de chuva,
como quarta-feira pela manhã, V. Exa. pode imaginar o que o pessoal estava
dizendo a respeito do Prefeito, lá em cima.
O outro lado foi mais grave,
porque o motivo do convite que me foi feito era que, segundo algumas daquelas
lideranças, a Ver. Maristela Maffei, que gosta tanto de falar da democracia
participativa e defende tanto as questões democráticas, como ainda há pouco
ouvimos, tinha, de certa maneira, participado e até organizado - segundo o
relato - uma espécie de golpe em relação às decisões da Plenária da região. E
essa população se mostrava indignada, porque havia sido aprovado, na plenária,
uma série de reivindicações dentro de um encaminhamento normal, a participação
de todas as vilas, todos os representantes. A primeira reivindicação era o
asfalto; a segunda, o saneamento. Mas, de repente, algumas pessoas ligadas à
Vereadora, passaram a tentar a subversão da situação, propondo, não mais isso,
mas praça, área verde e outras questões que não haviam sido decididas e que,
nos seus encaminhamentos, segundo os relatos que recebi, na verdade não afetava
só aquela microrregião, acabava afetando a Micro-4, acabava afetando a Vila São
Pedro, a Bom Sucesso, a Panorama, e havia um desrespeito em relação à plenária.
As pessoas, então, tinham pedido que nós comparecêssemos lá para ajudar,
inclusive para fiscalizar o respeito em relação à questão básica. Se uma
plenária decide, quem perdeu, perdeu, tem que respeitar, tem que ter humildade.
E me surpreendi, porque me encontrei com outro companheiro, Vereador do PT, e
dizia para ele que tinha ido lá por aquele motivo e ele disse que também.
Então, eu disse que o problema não é de oposição, o problema, realmente, ao que
parece, é de desrespeito e, aí, a discussão tem que ser levada para além das
questões apenas locais.
Relatava aos companheiros do
Orçamento que, felizmente, a Prefeitura teve bom senso, a Prefeitura manteve o
respeito às decisões da plenária e, lá, as diferentes lideranças acabaram
conseguindo montar um entendimento entre as duas microrregiões, diferentes
associações, no sentido de se manter aqueles encaminhamentos que haviam sido
dados na plenária.
Mas eu fiquei pensando, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que essas acusações contra a Vera. Maristela
Maffei, que eu lamento não estar aqui, porque eu queria ter falado antes,
quando ela aqui se encontrava, são as acusações que acabam justificando, ao
menos no que me toca, a vontade de a gente regular um pouco mais a questão do
Orçamento Participativo. Da minha parte, eu quero repetir: não se trata de ser
contra o Orçamento Participativo, muito antes pelo contrário. Aliás, eu me
senti muito tranqüilo, muito bem, sendo lá recebido, podendo acompanhar,
enquanto quis ficar, mas acho que este tipo de manobra, que não é manobra
contra um ou contra outro, acaba sendo manobra contra toda a comunidade, o que
não pode ser permitido e a gente tem sim, que regulamentar através de
legislação.
Eu quero deixar registrado
isso, porque esses companheiros, inclusive da Micro-2, pretendem vir a esta
Casa e pretendem expressar o seu descontentamento com a atuação, certamente não
da Vereadora, porque ela tem legitimidade enquanto tal, mas de uma liderança,
na região que, ao invés de buscar harmonia, buscar o consenso, buscar o
trabalho, pelo menos na queixa apresentada, repito, não apenas a este Vereador,
para a minha surpresa, como também a um outro companheiro, Vereador do PT,
acabou, na verdade, mais complicando a vida no encaminhamento deste debate.
Felizmente, as coisas terminaram bem e eu quero, aqui, de público, dar os
parabéns aos companheiros daquela microrregião que mostraram força, vitalidade
e, pelo menos na reunião que assisti lá na Veterinária, me fizeram realmente
ter muita alegria de estar acompanhando aquela reunião. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Com
a palavra o Ver. Luiz Braz para Comunicação de Líder.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, hoje, a minha missão é de paz, uma missão muito
honrosa. Em nome do meu Partido, quero fazer a saudação à Legião da Boa Vontade
que, através do seu trabalho profícuo, acabou sendo reconhecida pela ONU, a
Organização das Nações Unidas. Faço questão de fazer, aqui, a leitura de uma
nota que recebo e que nos dá conta dessa honraria que, na verdade, também nos
atinge, a todos aqui de Porto Alegre, aqui do Rio Grande do Sul, porque o
trabalho da Legião da Boa Vontade na nossa região é um trabalho que tira das
ruas centenas de crianças, que faz com que muitos mendigos recebam alimentação,
agasalhos, roupas, orientação, através de um trabalho muito meritório de
algumas pessoas, extremamente abnegadas, ligadas a essa entidade intitulada
Legião da Boa Vontade. A nota diz o seguinte: (Lê.) “A missão permanente do
Governo Brasileiro junto à ONU, em Nova Iorque, Estados Unidos, notificou
oficialmente ao Itamaraty, no último dia oito, a vitória do Brasil nas Nações
Unidas: a legião da Boa Vontade, LBV, foi elevada ao status consultivo em caráter geral, aprovado por unanimidade pelos
28 países votantes que participam do Conselho Econômico e Social das Nações
Unidas. Esse Conselho, cuja sigla em inglês é ECOSOC, é uma das três pilastras
de operação das Nações Unidas. Sua finalidade é promover o desenvolvimento
social e econômico dos países. Em 1996, a ONU decidiu abrir uma porta nesse
Conselho para as chamadas organizações não-governamentais, as ONGs, criando
três níveis de status consultivo em
ordem ascendente: as organizações de lista, as de caráter especial e as
consultivas em caráter geral. Este último é o mais importante, porque as
organizações que o obtêm ganham livre acesso e participação ativa em todos os
encontros do Conselho Econômico e Social da ONU. Para conseguir esse status, as instituições são
exaustivamente questionadas pelos representantes dos vinte e oito países que
têm direito a esse voto.
No momento em que o pedido
da LBV entrou em votação no Plenário, o Secretário-Geral da reunião anunciou
que a Instituição receberia o status especial.
Mas, a delegação do Chile pediu, devido às conhecidas dimensões do trabalho da
LBV, que ela recebesse prontamente o de caráter geral. As delegações de outros
países também defenderam o pedido, diante da farta documentação apresentada,
para que a Legião da Boa Vontade recebesse o status máximo. Os governos de Cuba, Argélia, Rússia e Estados
Unidos manifestaram-se em seguida, até que o Presidente da Mesa perguntou:
‘Todos concordam com a concessão do status
máximo para a Legião da Boa Vontade?’ Todos, unanimemente, concordaram.”
Quem ainda não conhece as
obras da Legião da Boa Vontade aqui na nossa Região, pediria que fossem
visitá-las em Glorinha, bem perto de nós. Ali, uma centena de crianças são
tiradas das ruas e lhes é dado um tratamento muito requintado. As crianças
recebem boa alimentação, tratamento esportivo, escola e, principalmente, uma
orientação, fazendo com que elas sejam bem encaminhadas na vida para poderem
ser grandes cidadãos, para que possam orientar outras pessoas, para que possam
participar da formação de um outro mundo, de uma nova sociedade, onde as pessoas
sejam mais solidárias; aliás, esta deveria ser a grande palavra utilizada por
todos nós, que somos parte integrante da sociedade. A palavra solidariedade que
é tão bem exercitada por aquelas pessoas que fazem parte da Legião da Boa
Vontade, e deveria ser também uma das palavras mais faladas e mais exercitadas
por todos nós que fazemos parte de organismos como a Câmara Municipal de Porto
Alegre.
Tenho a honra, em nome do
meu Partido, o Partido Trabalhista Brasileiro, em nome do PPB, do PT, do PDT e
do PSDB, de saudar a LBV, nessa honraria que se expande a todos nós que somos
brasileiros, e somos orgulhosos de termos uma instituição como a LBV recebendo
esse grande galardão da ONU. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Pedro Américo Leal está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder, pelo
PPB.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:
Exmo. Sr. Presidente e Srs. Vereadores, estou lendo mais uma diabrura - só é
esse o termo - do Secretário da Segurança e da Justiça, José Paulo Bisol, e seu
substituto, e é preciso frisar que o substituto, quando é colocado pelo PT tem
muita força, com respeito ao desmembramento da Brigada Militar, cedendo a
Brigada Militar, a Polícia Rodoviária e o Corpo de Bombeiros. V. Exas. já
avaliaram o que o Secretário de Segurança deseja? Eu nunca imaginei vir à
tribuna para comentar um fato desses, mas estou comentando. Pois o homem quer
desmembrar a Brigada Militar, que vai tão bem, que é uma tropa de escol. Eu
instruí, e sei, sargentos, aspirantes, capitães, coronéis, das melhores
policias do mundo, e ele quer mexer nesta Brigada Militar, desmembrando a
Polícia Rodoviária e o Corpo de Bombeiros. Mas para quê? Até no esporte se diz:
“em time que está jogando bem não se mexe”, não se inventam novidades. Pois, o
homem quer mexer! Ele, não contente com a Portaria que baixou, ou ainda não
baixou, mas está para baixar, disciplinando o uso de armas para policiais civis
e militares, com sete artigos, que causou um alvoroço, um tumulto enorme no
Estado, o José Paulo Bisol, agora, deseja desmembrar o Corpo de Bombeiros e a
Polícia Militar.
Eu vou justificar que não
pode, por quê? Por que é justamente sob a disciplina, sob a hierarquia, sob a
ordem, que a Brigada Militar inspirou essas duas corporações que são, vamos
dizer, desmembráveis, de que repôs, à toda, o sucesso da Polícia Rodoviária e
do Corpo de Bombeiros. Como é que se vai obter uma disciplina, uma hierarquia,
uma coesão dessa tropa, se desmembrarmos, entregando até possivelmente a civis,
que não são desse ramo, não são dessa arma, não entendem da coisa? Não é
possível se fazer isto. Pois, o José Paulo Bisol deseja fazer isso. Ora,
senhores do PT, desmembrem a Secretaria que está errada, que o ex-Governador
Collares, de uma vez por todas, ligou ao Palácio do Governo transformando
praticamente da potestade de Secretário de Estado, o Comandante da Polícia
Civil, o comando da Brigada Militar erroneamente. E o Britto o que fez? Pior.
Juntou as duas, quem prende não guarda, ou seja, quem prende um indivíduo, não
pode zelar pela sua segurança. É claro, senhores, aprendam de uma vez. Não se
pode. Mas até quando vão fazer asneiras desse quilate?
Eu sou obrigado a vir à
tribuna, porque, afinal de contas, eu instruí a Polícia Militar por trinta
anos, a Polícia Civil, por trinta anos, a Brigada Militar por vinte anos e
tenho bastante aconchego, tenho bastante amizade com todos os coronéis e
soldados que vêm ao meu gabinete e temo pelo fracasso dessas inovações que o PT
está causando à Segurança Pública. Até quando, meus senhores? Aumentem o
efetivo da Brigada Militar, de vinte cinco mil para trinta e cinco mil homens
e, na Polícia Civil, de cinco mil e setecentos para doze mil homens. Dêem
segurança ao Rio Grande, não inventem coisas, bobagens, besteiras, asneiras, de
quem não conhece, de quem não sabe nada. Sr. Presidente, desculpe-me, mas eu
tenho que avisar, o melhor que eu posso fazer é causar espanto aos senhores. Senhores do PT, procurem o
Governador, o Vice-Governador, procurem as autoridades que mandam no PT, não
deixem isso crescer, desanimem o José Paulo Bisol, que, em vez de fazer
segurança pública, inventa coisas. É meu amigo, foi meu colega, mas eu tenho
que dizer. Da outra vez que estive na Tribuna, tive muita parcimônia, devido a
amizade que tenho por ele, mas chegou o momento em que não se pode ter mais
recatos. Os senhores têm que atentar para o que estão fazendo, o PT tem
responsabilidade, não pode inventar tolices como está inventando. Fica dado o
meu recado. V. Exas. desanimem o José Paulo Bisol de fazer tanta asneira. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
José Valdir está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. A Legião da Boa-Vontade tinha feito um milagre
aqui, fez com que o Ver. Luiz Braz fizesse um discurso, como ele mesmo
classificou, de paz e ameno, coisa que estava ausente nos últimos tempos, mas,
logo em seguida, o Ver. Pedro Américo Leal já veio aqui falando em algo
diabólico. Nesta casa, nós vemos de tudo, esta é uma Casa democrática. Vejam a
nossa situação. O Ver. Carlos Alberto Garcia, que deveria defender o Bisol, não
o faz e critica o Diretor do DESP. Nós vamos ter que defender o Bisol e nos
defender da crítica do Ver. Carlos Alberto Garcia - que está com o Governo do
Estado. Vejam em que situação fica o meu Líder, Ver. Guilherme Barbosa, que
depois vai falar sobre isto, isto se o PDT também não resolver fazer alguma
crítica a algum setor do Governo Estadual.
Mas, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, fiquei muito feliz com a colocação do Ver. João Dib, que fez
críticas a nossa Secretária Estadual Lúcia Camini, porque agora o Ver. João Dib
está-se transformando num Vereador estadual. Isto é muito bom, porque agora
poderemos discutir as questões estaduais, nacionais, sem que a todo momento o
Ver. João Dib lembre que somos Vereadores de Porto Alegre. Então, agora, já
está liberado para fazermos um debate mais amplo sobre certas questões, e isto
é muito bom.
Quero discutir o Projeto nº
01/99, do Ver. João Bosco Vaz. Quero dizer, em primeiro lugar, de forma
transparente, que sou contra o Projeto, mas esta minha posição não tem nada a
ver em relação a alguma questão pessoal com o Ver. João Bosco Vaz, porque não a
tenho, e até porque recentemente defendi um Projeto dele que vou votar a favor,
que é o Projeto sobre as bicicletas. Também não tenho nenhuma decepção com a
UAMPA, como tem o Ver. João Dib, que confessou isto aqui. Não é por nenhuma
destas razões. Ocorre que o Ver. João Bosco Vaz, com a melhor das intenções,
aponta dois fatos, verdadeiros, do seu Projeto, na justificativa. Um sobre a
importância da UAMPA, a participação que tem a UAMPA nos diversos conselhos
municipais e fóruns, as lutas memoráveis onde a UAMPA participou, inclusive na
feitura da Lei Orgânica. Tudo isto são fatos verdadeiros. E outro fato, que
também é verdadeiro, é a dificuldade financeira permanente em que vive a UAMPA.
Estes fatos existem não só em relação à UAMPA. A UAMPA talvez seja apenas um
dos tantos exemplos que temos em nossa Cidade, de entidades da sociedade civil,
que participam ativamente da vida da Cidade, dos fóruns de discussão, dos
espaços institucionais de participação, e também um exemplo, entre tantas
outras entidades, de entidade que vive o drama financeiro para a sua
sobrevivência. Aí começam as minhas preocupações em relação ao Projeto, porque
esta situação que embasa o Projeto do Vereador, com o que ele pretende
justificar a destinação de verba orçamentária - e aí não é nem discutir a
questão do valor, porque é irrelevante essa discussão -, colocar inclusive na
Lei Orgânica, esses mesmos argumentos ensejam que várias entidades, a partir
daí, também façam jus a um dispositivo semelhante na lei, por uma questão de
isonomia. Aí começa a complicação desse Projeto. Por uma questão de isonomia,
se nós colocarmos na Lei Orgânica esse dispositivo para a UAMPA, nós temos que
também nos preparar para uma reação legítima, uma reação em cadeia, um efeito
cascata que vai vir em termos de reivindicação, porque outras entidades, também
de caráter municipal, comunitário, reivindicatório ou assistencial, poderão
fazer jus ao mesmo dispositivo.
Há uma questão, que quero aprofundar nas próximas oportunidades,
que é a autonomia dos movimentos. Essa é uma questão muito relevante e que faz
com que eu seja contra esse tipo de Projeto, não de hoje, porque eu sou
Governo; quando eu não era governo, sempre fui sistematicamente contra esse
tipo de Projeto, inclusive de jetons ou coisas desse tipo para o movimento
popular, porque acho que esse componente não vem sozinho, ele vem ferindo a
autonomia dos movimentos, e eu tenho uma concepção da relação estado-sociedade,
que são relações de esferas autônomas. Não sou contra esse tipo de Projeto
somente porque ele acaba com a autonomia dos movimentos, mas acho que ele, no
mínimo, cria problemas para a autonomia dos movimentos, que necessariamente têm
que ter esse grau de independência frente ao poder público, frente ao poder do
Estado. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O
Vereador Elói Guimarães está com a palavra para discutir a Pauta.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, enquanto o Ver. João Bosco Vaz, no seu Projeto,
explicita toda a sua preocupação com a segurança do cidadão, o Governo Fernando
Henrique pretende desarmar os cidadãos com este Projeto, hoje, no Congresso
Nacional.
Devo dizer que, num primeiro
momento, não gosto de ver a cidade com muros altos, com cercas eletrônicas, é
uma imagem que depõe contra a própria qualidade da vida, na medida em que temos
a visão daquilo e que é introjetado à nossa própria psicologia. Mas a verdade é
que existem as cercas eletrônicas, é um instrumento muito forte. O Ver. João
Bosco Vaz quer, além de estabelecer mecanismos de controle, talvez, estabelecer
um certo freio a determinadas situações que possam, não estar tecnicamente bem
dotadas.
Este Projeto dá, Ver. Pedro
Américo Leal, o grau e a dimensão do momento que estamos vivendo, ou seja, um
momento de profundas inquietações na questão da segurança das pessoas de bem.
Enquanto se nota iniciativas
que preocupam e vão ao socorro das pessoas de bem, por outro lado se vê um
Projeto, vejam bem, do Governo Federal querendo desarmar o cidadão e fazendo
com que se crie, neste País, a importação clandestina de armas para,
exatamente, armar quem, o cidadão de bem? Eu acho que o Sr. Fernando Henrique
deveria levar uma lição de que o problema não está na arma, mas sim na mão, se
não na cabeça da pessoa. A arma por si tem uma significação inerte, porque tem
a faca, a pessoa pode pegar um ferro e transformar num pontalete e assim por
diante. Então a questão não é da arma, mas da mão e da consciência da pessoa.
Se pretende desarmar os homens de bem deste País e o bandido, o delinqüente, o
facínora, continuará andando armado.
Imaginem os nossos caminhoneiros,
pelas estradas, os nossos homens no fundo de campos, no interior do Estado, que
têm ali uma arminha até para se defender, muitas vezes, de um ataque de um
animal.
Então, este Projeto que está
no Congresso Nacional, e que diz com a violência, é exatamente a antítese da
iniciativa do Ver. João Bosco Vaz, cujo Projeto defende o uso de cercas
eletrônicas.
Eu não gosto de ver essas
cercas eletrônicas, de repente, pegando as próprias pessoas inocentes, embora
não seja um choque.
Mas, a verdade, é que ela
reproduz a violência. Estão aí os cães altamente desenvolvidos para servirem de
guarda, estão aí as cercas eletrônicas entre outros.
Então, é um Projeto, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, que nós devemos discutir no sentido de normatizar,
estabelecer condições mais seguras a essas cercas eletrônicas que existem em
vários bairros da Cidade, as quais transmitem um aspecto de agressividade.
Em contrapartida, contrapõe
essa iniciativa que, oportunamente, haveremos de discutir, que é o desarmamento
do cidadão, deixando de desarmar o ladrão. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Clênia Maranhão está com a palavra para discutir a Pauta.
A
SRA. CLÊNIA MARANHÃO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, parece que os dois Projetos de autoria do Ver.
João Bosco Vaz acabaram proporcionando os debates neste período preliminar de
Pauta. Primeiro, este Projeto do Vereador, que quer destinar recursos no valor
de R$ 20.000,00 para a UAMPA, uma das inúmeras entidades da sociedade civil
desta Cidade, que trabalha com a questão do movimento comunitário.
Quem faz política em Porto
Alegre, evidentemente, não desconhece o papel político da maior importância que
a UAMPA cumpriu. A UAMPA esteve presente nas grandes mobilizações democráticas
desta Cidade, esteve presente na própria formulação da Lei Orgânica dos
Municípios. Infelizmente, as entidades mudam, mudam de acordo com seus
dirigentes, muitas vezes são permeadas por interesses partidários, muitas vezes
são permeadas por interesses setoriais. Se observarmos a representação atual da
UAMPA, nós vamos ver que foi nesta Casa que se elegeu essa diretoria, sob uma
forte polêmica política. O mais incrível foi que essa discussão levou o Ver.
José Valdir a fazer, nesta tribuna, duas colocações no mínimo interessantes:
primeiro, ele usou, no seu debate, um questionamento em relação à autonomia dos
movimentos, uma coisa fundamental a ser garantida em qualquer processo
democrático. Mas, exatamente em Porto Alegre, há uma tentativa do Poder Público
Municipal de substituir a autonomia das entidades pelo Orçamento Participativo,
que é coordenado, dirigido e pautado pelo Executivo.
Quantas vezes eu vi, dentro
de uma reunião do Orçamento Participativo, a UAMPA tentar fazer um discurso e
ser proibida, porque a reunião era do Orçamento Participativo. Não sei se
ultimamente continua assim, mas era assim que acontecia.
Ainda em relação à questão
da autonomia, se nós examinarmos, hoje, a questão do CPERS, veremos - há até
uma piada na Cidade que diz que o CPERS não é mais filho da CUT, mas filho da
SEC - de quão partidarizada está a atuação da Entidade. Vamos recuperar um
pouco a realidade dos fatos a partir das intervenções que aqui foram feitas.
Outro Projeto, também de
autoria do Ver. João Bosco Vaz, vai promover debates importantes nesta Cidade,
porque o Projeto do Vereador “dispõe sobre a instalação de cercas eletrônicas
de proteção no Município de Porto Alegre e dá outras providências”.
Eu acredito ser importante,
antes de discutirmos a cerca, os dados técnicos sobre o tamanho, sobre o choque
que dá a cerca, discutirmos a questão da segurança, e a realidade da
insegurança que vive a população de Porto Alegre. Porque, se vai nesta direção,
daqui a pouco nós vamos cercar a população, nós vamos cercar os cidadãos. Eu
acho que não é por acaso que o Ver. José Valdir cobrou a modificação política
de quem falava, e não falava de segurança, se todos os dias neste Estado se
instala uma polêmica sobre segurança! Se desde o primeiro dia de governo, a
imprensa denuncia a tentativa de partidarização de uma entidade como a Brigada
Militar, se todos os dias em Porto Alegre chega a público a crise interna entre
a Secretaria de Segurança e uma instituição do porte da Brigada Militar, eu
acho que nós, Vereadoras, vamos ter mesmo que procurar caminhos e assegurar às
pessoas estarem vivas nesta Cidade. Eu acho que se nós nos conformarmos com
esta falta de segurança e partirmos para esta metodologia de cercarmos os
prédios, Porto Alegre vai virar um presídio.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: Senhores
Vereadores, nós queremos proclamar a entrada de uma solicitação de retirada de
tramitação da Emenda nº 04 ao PLE nº 009/99 - Proc. nº 1837/99, de autoria do
Ver. João Dib.
Srs. Vereadores, antes de
entrarmos na Ordem do Dia, nós gostaríamos de usar o Tempo Especial de
Presidência, para prestar contas da nossa viagem à Cidade do México na semana
passada em nome deste Legislativo. Por isso pedimos ao Ver. Adeli Sell que
assuma a Presidência dos trabalhos para que nós façamos o uso da tribuna em
Tempo Especial.
O
SR. PRESIDENTE (Adeli Sell):
Com a palavra o Ver. Nereu D’Ávila, em Tempo de Presidência.
O
SR. NEREU D’AVILA: Sr.
Presidente em exercício, Ver. Adeli Sell, Sras e Srs. Vereadores, jornalistas,
senhores funcionários, senhoras e senhores. Tivemos o privilégio de do dia 06
ao dia 10 de junho participar, juntamente com o Ver. Adeli Sell, Secretário da
Mesa, na Cidade do México, de um encontro internacional para a criação do
Parlamento dos Legisladores Metropolitanos, o PARLEMET.
Em primeiro lugar, desejo
dizer que Porto Alegre foi honrada com o convite, eis que sabemos que Porto
Alegre não pode, lato sensu, ser
considerada uma grande metrópole, como a Grande Rio, Grande São Paulo, Grande
Recife. Por isso, a honra de Porto Alegre ser convidada.
Segundo, compareceram para
fundar esse Parlamento, em nível internacional, 52 países, através de 85
delegações.
Registre-se como ponto que
consideraria de surpresa, que o Brasil, certamente através das câmaras
municipais, deve ter recebido o mesmo convite que recebemos, mas compareceu
somente este Parlamento, através de dois Vereadores, o Presidente e Secretário
da Mesa.
Se de um lado foi surpreendente, outras
capitais, outros grandes municípios não comparecerem, por outro lado foi
importante, porque Porto Alegre, particularmente, representou o Brasil.
E, nesta medida, trago um
jornal para ver a importância que foi considerada a nossa presença. Dos cinco
jornais das cidade do México, trago “A Reforma”, considerado um dos melhores,
jornal independente politicamente falando, e também editorialmente, e sob o
ponto de vista de sua formatação, colorido e muito bonito. Eu trago uma notícia
aonde, presidindo a Comissão de Declaração da Constituição do novo parlamento
em nível mundial - El PARLEMET - dessa comissão, dentre as outras quatro, ela,
pela sua importância, porque praticamente compunha o documento constitutivo que
seria o regulamento que deu criação ao parlamento, foi eleito Presidente dessa
importantíssima comissão um mexicano, em homenagem, naturalmente, ao país que
recebia a todos nós, e, como vice-presidente, conforme previa o regulamento, um
chinês da cidade de Xangai, e um brasileiro, que recaiu na pessoa deste
Presidente, o que muito nos honrou.
E aqui está a manchete:
“Aprovam os legisladores a declaração, que formalizou o Parlamento dos
Legisladores Metropolitanos.”
Então, eu digo o que foi
formado afinal. O que é o parlamento? Aqui está a definição do documento que
instituiu o parlamento:
“A criação do Parlamento dos
Legisladores Metropolitanos é uma proposta emanada da Assembléia Legislativa do
Distrito Federal do México e coordenada por um Comitê de Assuntos
Internacionais desse órgão colegiado.
O PARLEMET será um organismo
internacional que promoverá o intercâmbio de experiências e informações,
destinado a converter-se em um importante mecanismo, cujo objetivo primordial é
servir de instrumento de cooperação interparlamentar para a solução dos
problemas mais importantes que enfrentam as cidades do Mundo.
O propósito do PARLEMET é
fortalecer valores tais como a participação cidadã, o desenvolvimento
sustentado, a liberdade e a segurança, assim como aqueles que permitem elevar a
dignidade e a qualidade de vida dos habitantes das grandes metrópoles durante o
século XXI.
Chamou a atenção o discurso
do Presidente da Comissão do Governo da Assembléia Legislativa do Distrito
Federal durante a inauguração do Primeiro Parlamento de Legisladores
Metropolitanos, o Sr. Marti Batres Guadarrama, que disse o seguinte: “O
propósito de constituir o Parlamento de Legisladores Metropolitanos, proposta
inovadora para o futuro, tem como objetivo estabelecer uma instância
internacional permanente, com o seu próprio Estatuto e sua Declaração de
Princípios, que nos permita debater os problemas da Cidade, “intercambiar”
propostas legislativas e compartilhar soluções. O parlamento será o espaço dos
legisladores das cidades do mundo em que teremos que pleitear constantemente,
ou discutir os temas de desenvolvimento urbano e da migração das minorias
étnicas, da conturbação do crescimento demográfico, da contaminação
atmosférica, da segurança e do turismo, do transporte e do comércio na via
pública, das crianças das ruas, da pobreza e dos cidadãos e cidadãs de terceira
idade.”
A criação desse parlamento
foi importante como uma nova proposta, em nível mundial, de discutir temas
comuns às grandes cidades. Eu citaria o tema do transporte, que na Cidade do
México é um tanto caótico, dado o tamanho da cidade, e a participação desses
Vereadores, este que fala, nesta importante comissão que já referi na
Declaração e Constituição, e a do nobre Ver. Adeli Sell, que noutra comissão,
representando o nosso País, discutiu situações de segurança e do compromisso do
tratado do próprio parlamento.
Durante três dias estivemos
reunidos. Cinqüenta e dois países compareceram, através de oitenta e cinco
delegações. Após um amplo debate nas comissões, no último dia foram
apresentadas propostas e formalizadas no documento “Carta da Cidade do México”.
Houve um debate muito
importante, onde era permitido, a cada país, levar as propostas mais avançadas
das cidades que representavam. Um intercâmbio de idéias díspares de diversas
cidades do mundo, tais como cidades da Austrália, da Bulgária, da Ásia, como
Begin e Xangai, e as cidades das Américas, que falam a língua espanhola.
É importante para o México,
neste momento, porque, assim como Buenos Aires que, há pouco tempo, teve o voto
direto para as eleições, elegendo os seus deputados que representam um
departamento federalizado em Buenos Aires, no México foi a mesma coisa: o PRI,
Partido Republicano Institucional, que há sessenta ou setenta anos domina a
política, foi derrotado fragorosamente, há dois anos, quando houve eleições
diretas e a população votou, direta e secretamente, pela primeira vez nesses
anos todos em que o PRI dominou a cidade do México. Venceu o Sr. Cuauthtémoc
Cárdenas, representando o PRD, Partido da Revolução Democrática. São cinqüenta
Departamentos, e cada Departamento tem cerca de quatrocentas a quinhentas mil
pessoas, pois aquela Cidade é a maior do mundo. Há cerca de nove milhões de
habitantes e afluem diariamente, para trabalhar, mais nove ou dez milhões, uma
Cidade com cerca de vinte milhões de pessoas no seu dia-a-dia; é uma Cidade
fantasticamente grande. Só para termos uma idéia, dos cinqüenta Departamentos
que constituem a Cidade do México, em trinta e sete venceu o PRD, Partido da
Revolução Democrática, do Sr. Cárdenas, dando ampla maioria; e venceu por
eleições distritais mistas. Foi o mais votado quem ganhou, que foi o do PRD. O
PRI, que é do Presidente da República, Sr. Zedillo, que há setenta anos domina
o México, ganhou em apenas onze desses Departamentos, pelo voto proporcional,
em cima do prestígio pessoal de seus candidatos. A Cidade do México está hoje
nas mãos da esquerda, do Sr. Cárdenas.
Senhores Vereadores, para
nós, Presidente e Secretário desta Casa, muito nos honrou representar, não
somente esta Capital, da qual somos representantes, mas V. Exas. nos
distinguiram com anuência, através de votação, para que fôssemos representando
esta Cidade. Mas o importante é que, não havendo mais representantes do Brasil,
pela primeira vez, este Vereador teve um arrepio, quando foi citado e honrado
para representar o País. Nunca havia tido tamanha responsabilidade e tamanho
orgulho em poder falar em nome do País. Temos a certeza de que oferecemos o
melhor do nosso trabalho, falamos sobre esta Cidade a inúmeras emissoras de
televisão e a jornais, que acolheram fantasticamente a nossa delegação, a quem
pudemos dizer que a Cidade de Porto Alegre está com um bom desenvolvimento,
evidentemente não o idealizado, mas está lutando, e tem uma qualidade de vida
que a própria Cidade do México não tem, já que é uma Cidade muito grande, muito
seca e com muita pobreza, mas é uma civilização muito desenvolvida.
Eu e o Ver. Adeli Sell fomos
visitar as pirâmides, que constituem uma cidade da civilização asteca; o Museu
de Antropologia, onde está o início da civilização americana, da qual nós
participamos, que foi a iniciada pelo índio; o Museu de Artes, onde estão os
painéis de Diego Rivera, um revolucionário que expressou toda a sua loquacidade
política através da pintura.
Nos momentos de folga que
tivemos, e que nos foi oportunizado, nós, depois de trabalharmos no Congresso
que criou o Parlamento de Legisladores Metropolitanos, visitamos o que
constituiu a civilização de todo o continente americano, no México.
Foi uma experiência
fantástica; voltamos bastante cansados, porque lá está bastante calor, e o
cansaço não venceu aquilo que foi o mais importante. Digo com a maior
tranqüilidade que nós representamos com dignidade esta Cidade, este Parlamento
de Porto Alegre.
Seria importante que,
através de Projeto de Resolução, já que somos fundadores de um parlamento em
nível internacional, mesmo depois de deixarmos esta Casa, que os nossos
sucessores continuassem, já que anualmente haverá uma reunião de continuação
daquela discussão, que agora é embrionária porque foi a constituição apenas do
parlamento e dos seus princípios gerais, mas que, no futuro, serão debatidos
temas específicos. Naturalmente temas que são comuns a todas as grandes cidades
do mundo, e Porto Alegre acaba de ser uma das signatárias da constituição de um
Parlamento de Legisladores em nível internacional.
Faço este relatório com
muito orgulho, porque fomos representar Porto Alegre, o que seria nossa
obrigação, e acabamos, com muita honra, representando o País. Temos certeza,
Srs. Vereadores, sem nenhuma soberba, V. Exas. sabem que jamais foi o nosso
perfil, em dizer que não decepcionamos a Cidade e a representatividade que os
demais 31 Vereadores nos consignaram.
Digo com respeito, e também
com entusiasmo, que estivemos à altura da representação desta Casa na Cidade do
México, de 6 a 10 de junho, próximo passado. Muito obrigado a V. Exas. pela
aprovação da nossa ida. Temos a certeza de que frutos renderá para a cidade de
Porto Alegre. E este Parlamento ainda haverá de contribuir para o
desenvolvimento, não de algumas cidades, mas de todas que se interessarem por
uma melhor qualidade de vida e um maior desenvolvimento para as suas
populações. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente, nos sentimos orgulhosos da representação que V. Exas. fizeram.
Solicito, creio que em nome de todos os Vereadores, que esse vínculo com a
Cidade do México não seja apagado, que cresça e que se multiplique, porque
penso que os Vereadores, quando viajam, trazem muitas informações e muitos
conhecimentos.
É preciso que esta Casa saia
daqui de dentro, porque Porto Alegre é uma grande Capital. Todo o mundo conhece
Porto Alegre, mas a Assembléia Legislativa apaga, um pouco, o brilho da Câmara
Municipal. É preciso que reajamos a isso e nos lancemos para o mundo dizendo
que existimos.
O
SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): É
verdade, Vereador. Falei no meu pronunciamento que, mais tarde, vamos estudar a
possibilidade, através de um Projeto de Resolução, de inserir
institucionalmente Porto Alegre nesse Parlamento a fim de que, no futuro,
outros continuem indo lá, representando, depois que não estivermos mais aqui,
porque pela importância de um Parlamento, com a globalização, não há como
fugir, nós temos que falar uma linguagem universal para os problemas comuns a
todos nós. V. Exa. traduziu bem o que esta Câmara vai proporcionar, depois, com
uma participação efetiva nesse tipo de instituição internacional.
O Ver. Guilherme Barbosa
está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. GUILHERME BARBOSA: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, eu quero registrar e destacar a tristeza e o
pesar que todos nós, desta Câmara e desta Cidade, com certeza sentimos ao tomar
conhecimento daquele brutal acidente de trânsito que aconteceu ontem, na Lomba
do Pinheiro, onde três crianças foram mortas num atropelamento e o condutor,
que não tinha carteira de motorista, estava embriagado, segundo as informações,
mal se colocava em pé. Três crianças - dois irmãos e um primo - que estavam
brincando na calçada, tiveram suas vidas repentinamente arrancadas. E foram
arrastados pelo veículo por uns trinta metros, quando o motorista tentou fugir.
É uma brutalidade que dói em todos nós e mostra, realmente, que o nosso
trânsito é, ainda, uma máquina de matar, é uma das causas de morte no Brasil,
talvez a principal delas, e este acidente de ontem vem acrescentar mais alguns
dados na estatística de que é a principal causa de morte dos nossos jovens.
Então, é preciso que a gente aplique, de fato, o Código de Trânsito. Que essa
pessoa que matou três crianças seja exemplarmente punida. Será que numa situação
como essa, era para se ter fiança? Ele pagou R$ 500,00 e foi para casa!
Felizmente, ele escapou de ser linchado, porque mesmo numa situação como essa,
um linchamento não se justifica. Eu sou contra. Mas ele pagou R$ 500,00 e foi
para casa, e a dor ficou nas famílias daquelas crianças.
É preciso que todos nós
reflitamos sobre tudo isso, que é muito duro. Nós temos que mudar nossa cabeça
no trânsito, precisamos ser rigorosos. Nós temos que ter - e nisso eu concordo
com o Ver. Fernando Záchia - mais programas educacionais para o trânsito, mas,
ao mesmo tempo, temos que punir mais rigorosamente.
Aproveitando que estou
falando na Lomba do Pinheiro, quero dizer que eu recolhi, da fala do Ver.
Antonio Hohlfeldt, um aspecto importante, quando ele disse que esteve lá na
reunião da Micro-2, da Lomba do Pinheiro. Ele disse que na reunião havia
bastantes pessoas, que ele foi bem recebido, que as lideranças comunitárias
falaram e se expressaram. Eu acrescento dizendo da seriedade desse processo. Na
medida em que as pessoas vão às reuniões, elas verificam que é um processo
muito sério, que há espaço para as pessoas mais simples, das mais pobres
regiões da Cidade, colocarem suas reivindicações à Prefeitura.
Também foi dito que havia
muitas obras atrasadas. É verdade, sempre houve obras atrasadas. Há todo um
processo de discussão, muita disputa entre as empresas que participam das
licitações e, às vezes, por isso, as obras ficam trancadas. Às vezes, há
problemas fundiários, que não permitem que a obra seja tocada adiante. Mas se
ela não sai naquele ano, com certeza, ela sairá mais adiante, porque é um
compromisso assumido pela Prefeitura. Poderá demorar um pouco menos ou um pouco
mais, mas sempre será cumprido.
Por último, quero dizer que
o Ver. Antonio Hohlfeldt faz, às vezes, afirmações, como fez nesta tribuna
hoje, como se fosse uma acusação: que pessoas ter-se-iam queixado da Vera.
Maristela Maffei, que mora e atua na região, e que ela teria aplicado um golpe.
A informação da Vereadora é exatamente o contrário. Numa plenária, com cerca de
setecentas pessoas, decidiram-se algumas deliberações, e, depois, algumas
pessoas - essa é a informação da Vereadora - teriam mudado aquilo que havia
sido decidido na plenária, e, portanto - também na afirmação do Ver. Antonio
Hohlfeldt -, no bom senso da Prefeitura, essa questão ficou resolvida.
É preciso que busquemos mais
informações, que conversemos com as pessoas antes de fazermos acusações contra
pessoas que fazem um trabalho sério, que podem cometer erros - como todos nós -
mas que têm um trabalho sério. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Bosco Vaz está com a palavra para fazer uma Comunicação de Líder pelo PDT.
O
SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr.
Presidente, Sras. e Srs. Vereadores, traz-me a esta tribuna o grande exemplo de
democracia que o PDT deu, ontem, para todo o Rio Grande, em seu Congresso
Estadual. Falo nesse grande exemplo de democracia porque nos dias, nas horas,
nas semanas que antecederam a esse encontro do nosso Partido, Sr. Presidente,
todos diziam que grandes brigas, grandes diferenças políticas poderiam e
deveriam macular a atuação do Partido no Estado. E o que se viu nesse
Congresso, com a presença do nosso Líder maior, o Dr. Leonel Brizola, foi um
amplo debate dos problemas internos do Partido, um amplo debate sobre as
atuações e iniciativas do Partido junto à sociedade; e não se presenciou
nenhuma briga interna, nenhum desentendimento maior que não aquele do ponto e
contraponto na discussão de todas as teses apresentadas pelos companheiros.
Portanto, o Partido sai engrandecido, sai fortalecido desse Encontro Estadual
com mais de duzentos mil filiados em todo o Estado, com Prefeitos importantes,
um número importante de Vereadores. O PDT, em todas as suas decisões tomadas
ontem, entendeu que era necessário se manter trilhando esse caminho que vem
desenvolvendo de aproximação com as forças mais de esquerda, de aproximação e
de manutenção do apoio político que vem dando ao Governo do Estado liderado
pelo Governador Olívio Dutra.
Portanto, engrandece todos
nós, do PDT, essa tomada de decisão da plenária maior que, além de confirmar
aquilo que a nossa Executiva Estadual já havia determinado, o PDT comprovou que
é possível, mesmo com desentendimentos internos, que se tornaram públicos,
poder, num Congresso Estadual, com a grande maioria dos seus filiados, com a
presença da grande maioria das suas lideranças, reafirmar o partido popular que
é e prosseguir nesta sua trajetória de estar cada vez mais próximo das
comunidades e, dentro das suas possibilidades, tentar ajudar essas comunidades.
Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. O domingo foi marcado por um fato extremamente
desagradável. Eu não estou-me referindo ao resultado do jogo de futebol, onde a
minha equipe perdeu, isso foi desagradável para algumas pessoas e muito
agradável para outras. Eu estou falando de um fato que, seguramente, toda a
cidade de Porto Alegre está a lamentar no dia de hoje, que foi o que aconteceu
com aquelas três crianças, na Lomba do Pinheiro, vítimas de um acidente de
trânsito. As responsabilidades estão sendo divididas, mas, de modo algum, vão
evitar que a dor, o desânimo e a própria tristeza tome conta dos lares das três
famílias enlutadas em função do acontecido.
Eu sempre tive muito cuidado
de não querer emitir parecer sobre desgraças, porque acho que isso é um
oportunismo muito lamentável e condenável sob todos os aspectos. Hoje me
trouxeram, no meu gabinete, um alerta que não deve deixar de ser considerado.
Eu queria chamar a atenção da Casa, porque se trata de um esforço que temos que
fazer coletivamente, no sentido de utilizar, Ver. Cyro Martini, V. Exa. que é um
dos maiores estrategistas na matéria, esse potencial que o Município tem de
atuar objetivamente na área de trânsito, não só para fazer o que normalmente
está sendo feito, um esforço muito forte e exagerado no perímetro central e o
abandono, Ver. Décio Schauren, das outras áreas de Porto Alegre. Nós temos que
ter muito cuidado.
(Aparte anti-regimental do
Ver. Décio Schauren.)
O
SR. REGINALDO PUJOL: O
Ver. Décio Schauren fez um aparte anti-regimental, mas que, pela oportunidade,
eu acolho. Ele diz que nós temos que colocar os bêbados na cadeia. Nós temos
que ter muito cuidado quando simplificamos a situação, dizendo: “Tem que
colocar os ladrões na cadeia; tem que colocar os bêbados na cadeia; tem que
colocar todo mundo na cadeia”, porque não teremos cadeia para todo o mundo. É o
tipo da situação onde a pessoa responsável pelo acidente poderá morrer na
cadeia e não vai reparar o dano que causou. Temos que ter medidas que antecedam
a essas situações, porque, segundo consta, a sinalização nessa área de Porto
Alegre é absolutamente inexistente. O fato de que a pessoa dirija embriagada
considero um delito que deve ser, evidentemente, punido pela Justiça. Mas,
repito: não adianta punir depois do mal realizado. Diante da infração legal que
ocorreu não há dúvida nenhuma de que a pessoa deve ser penalizada,
rigorosamente. Aliás, fico surpreso com que sejamos tão duros na execução da
política de organização do tráfego, do trânsito da Cidade, punindo o sujeito
que estaciona mal, e quando chega-se a uma situação como essa só tenha uma
solução: vamos colocar a pessoa na cadeia. Mas o mal não será reparado.
Então, saudei a iniciativa
quando votei favoravelmente à constituição da Empresa em Porto Alegre que está
cuidando do transporte viário, enfim, de todo este processo, porque o Município
sempre faz melhor do que o Estado, e este faz melhor do que a União, e a
comunidade faz melhor do que todos. Sempre o poder local é mais atuante, mais
eficiente; pois eu saudei esse fato porque achava que era um momento em que
teríamos campanhas educativas espalhadas pela Cidade de Porto Alegre, com a
presença da autoridade municipal em todos os bairros de Porto Alegre.
Lamentavelmente, não é o que vejo. O que vejo é a presença maciça no Centro da
Cidade, com os superiores cobrando dos inferiores até mesmo produção, onde as
pessoas têm que multar um determinado número de motoristas por dia, e na
periferia de Porto Alegre não vejo nada.
Então, não estou explorando
a situação, não é do meu feitio, mas acho que temos que reorientar a atuação da
EPTC, de tal sorte que a periferia de Porto Alegre não fique à mercê dos
bêbados, como disse o Ver. Décio Schauren, e não se equivocou, porque o estado
etílico da pessoa era comprometedor, dos vândalos, dos irresponsáveis, enfim,
de todos aqueles que ficam com a liberdade de causar os males que causam,
inclusive a morte dessas três crianças. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Havendo
quórum, passamos à
ORDEM DO DIA
O
SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr.
Presidente, eu requeiro que, após o término da votação das Emendas ao
Regimento, nós passemos ao PLL nº 028/99 e, após, ao Requerimento de nossa
autoria, que pede a Renovação de Votação do Processo nº 2335.
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento do Ver. Renato Guimarães. (Pausa.) Os Vereadores que o
aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
VOTAÇÃO
(encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
3176/97 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 032/97, de autoria da Mesa Diretora, que altera o Regimento da
Câmara Municipal de Porto Alegre. Com
Emendas nºs 01 a 15 e Subemenda nº 01 à Emenda nº 06.
Parecer:
- da
Comissão Especial: Relator Ver. Pedro Américo Leal: pela aprovação do
Projeto e das Emendas nºs 01, 02, 04, 05, 06, 07, 08, 09, 10, 11, 12, 13, 15 e
Subemenda nº 01 à Emenda nº 06; pela rejeição das Emendas nºs 03 e 14.
Observações:
- para aprovação, voto
favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art. 82,§ 1º, II, da LOM;
- votação nos termos do §
4º do art. 126, do Regimento da CMPA;
- as Emendas nºs 03 e 14,
com parecer contrário, não serão submetidas à votação (art. 55 do Regimento);
- retiradas as Emendas nºs
16 a 19;
- na Sessão Ordinária de
07.06.99, foram votados e aprovados o Projeto e as Emendas nºs 02, 04 e 05;
- na Sessão Ordinária de
09.06.99, foi votada e aprovada a Emenda nº 01;
- na Sessão de 11.06.99, foram votadas e
aprovadas a Emenda nº 06 e a Subemenda nº 01 à Emenda nº 06;
- as Emendas nºs 07, 08,
09, 10, 11, 12, 13 e 15 não foram votadas.
O
SR. PRESIDENTE: O
Vereador Pedro Américo Leal está com a palavra para encaminhar a votação Emenda
nº 7 ao PR nº 032/97.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, estamos examinando a Emenda nº 7 e peço a atenção
de V. Exas. para trabalharmos de maneira simples, direta, produtiva e sem
confusões.
A Emenda nº 7 objetiva
modificar o art. 154 do nosso Regimento. Não confundir com o art. 153, pois os
dois artigos falam do Grande Expediente. Estamos voltados para o art. 154 e a
Mesa resolveu, pelo trabalho que fez, fazer uma alteração no art. 154 que
consta a Emenda nº 7. A Mesa fez uma Emenda ao parágrafo único do art. 154 que
diz: “Além dos Vereadores inscritos poderão falar, na ocasião prevista no
caput, o primeiro signatário da proposição e, na sua falta, Vereador designado
pela Presidência e homenageado ou seu representante”.
O que é que a Mesa colocou?
Colocou “além dos Vereadores inscritos”.
O que é que o Relator fez?
Mais do que depressa, o Relator balizou o tempo de utilização dos oradores
pois, senão, este seria indiscriminado.
Todos os Vereadores
inscritos, o homenageado, o representante: a quanto tempo nós iríamos?
Então, o que fez o Relator?
Apenas colocou a expressão: “espaço de cinco minutos para cada orador”, mais
nada, terminou-se o trabalho de hoje, é só isso.
A Mesa colocou a expressão,
como já disse, “além dos Vereadores inscritos”. Quando vi isso, coloquei
balizamento no tempo.
Imaginem V. Exas., todos os
Vereadores inscritos, o homenageado, o orador, por dez minutos ou mais, seria
uma Sessão em que não teríamos tempo previsto para terminar.
Então, é apenas o
adicionamento do tempo cinco minutos, que é a Emenda deste Relator.
São duas alterações: a Mesa
colocou “além dos Vereadores inscritos” e o Relator balizou por cinco minutos.
Então, o assunto está
ventilado e não existe nada mais do que isso. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação a Emenda nº 7, aposta ao PR nº 032/97. Os Vereadores que a aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Em votação a Emenda nº 8 ao
PR nº 032/97.
O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra para encaminhar.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, o que o Relator adicionou deveu-se a uma
preocupação sua. Por exemplo, quando um orador pede para qualquer colega se inscrever
- e é costume de certos oradores se perpetuarem na tribuna pelo tempo de quatro
ou cinco oradores -, o que está inscrito, por gentileza ou até por
constrangimento, cede seu tempo para ele. Isso se torna desagradável para o
orador que está aguardando sua vez de usar a tribuna. Até mesmo no calor da
discussão, ele tem que entregar a sua vez, porque o orador, da tribuna, começa
a “ciscar” no Plenário, para ver se algum dos colegas pode-se inscrever para
dar o lugar a ele.
Diante disso, eu coloquei,
no Projeto, o seguinte: só pode ceder o lugar o orador que estiver inscrito
logo após ao que está na tribuna. Por exemplo, se eu estou aqui na tribuna, e o
Vereador João Dib é o próximo orador, eu posso solicitar a ele que me ceda o
seu lugar, mas não será possível o orador “ciscar” e pedir o lugar a outro
Vereador inscrito, para permanecer na tribuna.
Foi isso que eu tentei
colocar: os perpetuadores da palavra, os homens que ficam na tribuna por quatro
ou cinco vezes e não saem nunca, e o colega, por gentileza, cede o lugar. Como
vai dizer que não? Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: A Vera.
Helena Bonumá está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 08 ao
PR nº 32/97.
A
SRA. HELENA BONUMÁ: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, manifestamo-nos, em nome da Bancada do Partido
dos Trabalhados, contra a Emenda proposta pelo Ver. Pedro Américo Leal. Até
pela nossa experiência de Plenário, há dois critérios: o primeiro, da
democracia em nossa maneira de funcionamento; o segundo, é a própria
experiência que temos em Plenário. Normalmente, quando um Vereador pede a
cedência de tempo ou essa se faz necessária, ela é oferecida por um companheiro
de Plenário. A nossa experiência nesta Casa tem demonstrado isso, em virtude de
uma necessidade de esclarecimento da matéria que está sendo votada no momento.
Eu peguei o final do discurso do Ver. Pedro Américo Leal, onde ele dizia que
muitas vezes permanece o mesmo orador na tribuna, por dois, três ou mais
tempos. Isso é muito raro ocorrer aqui em nossa tribuna, e quando ocorre, é com
o consentimento dos outros Vereadores, porque aquele orador está fazendo uma
intervenção explicativa da matéria ou os outros Vereadores julgam que
determinado aspecto é necessário na matéria. Não acontece aqui, de alguém pegar
a palavra e, com o tempo de outros Vereadores, monopolizar o debate. Temos tido
experiência que quando lançamos mão desse mecanismo de pedir o tempo de um
próximo orador que está inscrito dois ou três lugares atrás de quem está na
tribuna, normalmente quando esse tempo se torna necessário, ele tem a
aquiescência do Plenário, porque a intervenção é no sentido de complementar, de
ser explicativa, de trazer mais esclarecimento para o próprio andamento do
debate que estamos fazendo. A nossa Bancada não considera que isso traga o
monopólio da palavra.
Aqui, Ver. Pedro Américo
Leal, esse adendo que na realidade somente cederá o tempo, se o que cede
estiver imediatamente inscrito na ordem da chamada, vai trazer um engessamento
em nossas relações de Plenário. Faço um apelo, porque temos tido este
funcionamento, que tem-se demonstrado bom. Acho que esta proposta, Ver. Pedro
Américo Leal, traz um engessamento da nossa relação de Plenário. E, muitas
vezes, vai ser necessário que se faça o debate, que se ceda o tempo, mas a
única possibilidade de cedência é que o Vereador que está inscrito,
imediatamente depois, ceda o seu tempo. Quando não é assim que funcionamos, e o
nosso funcionamento tem dado demonstração de que como está, atualmente, está
correto, está bom, permite uma certa flexibilidade e quando os demais oradores
inscritos têm concordância, aquele orador que está na tribuna pode usar o tempo
de um outro que se inscreve e cede, como forma de explicação, de complemento à
sua intervenção. Quando não há concordância, evidentemente que ele não vai
utilizar o tempo.
Então, nós reservamos este
mecanismo de podermos fazer ou não.
Mas, a Emenda que o Vereador
propõe vai engessar as nossas relações de Plenário, vai tirar uma possibilidade
que temos, que é esta.
Não me lembro, Vereador, nem
no outro mandato nem neste, que tivesse acontecido um caso de um Vereador ficar
usando a palavra à revelia dos demais inscritos. Nós, normalmente, concordamos,
porque a palavra tem sido usada como complemento, como explicação, como
extensão do raciocínio de quem está utilizando a tribuna.
Então, é uma medida
desnecessária, que vai vir em prejuízo do debate, em prejuízo de um melhor
esclarecimento das matérias que nós discutimos, aqui, na Ordem do Dia e que,
principalmente, vai engessar as relações, aqui, e não vai permitir que tenhamos
opções. A forma como trabalhamos, hoje, nos dá opções, um orador está falando
e, se for necessário e tiver concordância dos demais oradores inscritos, poderá
lançar mão do tempo que um segundo Vereador ceda.
A nossa Bancada faz um apelo
neste sentido, que sejamos contra a Emenda nº 8. Muito obrigada.
(Não revisto
pela oradora.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Braz está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 8 ao PR nº
32/97.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, Ver. João Dib, eu na verdade
gostei muito da Emenda apresentada pelo seu companheiro de partido, Ver. Pedro
Américo Leal. Ver. Pedro Américo leal, com essa sua Emenda nós vamos dar a
possibilidade para que os Vereadores possam planejar a sua participação aqui
nesta tribuna, quando quiserem ficar por mais tempo. Se eu acho que só o meu
tempo de cinco minutos é insuficiente para desenvolver todo o raciocínio, vou
solicitar para que alguém da minha Bancada, ou algum outro Vereador que assim o
queira, possa-se inscrever junto comigo, a fim de que possa utilizar de forma
planejada os dois tempos. Mas eu já venho à tribuna planejado, ciente de que
vou ficar aqui dez minutos. E não simplesmente eu vir aqui e de repente acabo
ficando por mais tempo, utilizando outros tempos e, muitas vezes, prejudicando
companheiros que também querem usar a tribuna para expressar seus pensamentos.
Eu acredito que V. Exa. Ver.
Américo Leal, democratiza o debate. V. Exa, na verdade não engessa como a nossa
colega Vera. Helena Bonumá tinha dito em tempo anterior, e sim democratiza. E
vai ficar agora em cada um dos Vereadores a necessidade de se planejar para vir
aqui.
Se tenho muitos argumentos,
e vou precisar de mais de cinco minutos, eu já venho planejado para falar dez
minutos. E com os meus dez minutos, eu vou elucidar os meus companheiros que
precisam de argumentos e opiniões para definirem os seus votos.
Eu acho que, realmente, a
Emenda proposta por V. Exa melhora em muito a situação de agora. A situação
atual muitas vezes é extremamente injusta com os oradores que estão inscritos,
esperando a sua hora de falar, e muitas vezes esta hora de falar é
procrastinada porque os oradores que aqui estão vão colhendo tempos e mais
tempos de outros Vereadores, e vão permanecendo aqui. E muitas vezes até
fugindo do debate, que só pode ser estabelecido quando várias opiniões são
desfiladas. Então, nós vamos poder, realmente, ter o confronto de idéias, sendo
estabelecido através desta proposta de V. Exa. Portanto eu sou favorável à
Emenda que V. Exa. propõe, acho que com bom planejamento todos os Vereadores
vão poder participar de forma a contribuir mais com todos os debates que vão
surgir, fazendo com que mais idéias possam desfilar aqui desta tribuna, mais
opiniões, mais argumentações para que as definições de votos possam ser mais
seguras por parte de cada um de nós. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra o Ver. Reginaldo Pujol para encaminhar a votação da Emenda nº 08 ao PR
nº 32/97.
O
SR. REGINALDO PUJOL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, procurando ser objetivo, em cinco minutos quero
dizer o seguinte: quero lembrar os Srs. Vereadores do início de todo esse
problema, e lamentar que cada vez mais nós estamos reduzindo a nossa capacidade
de discutir as matérias que passam aqui na Casa. O Ver. Paulo Brum, acho que
foi um dos raros que ficou comigo na ocasião. Lembrem-se de que até muito pouco
tempo, final da legislatura passada, se dispunha de dez minutos para as
matérias, e não estes cinco minutos que hoje tem-se mostrado, na maioria das
vezes, insuficientes para que possam os Vereadores discutir os temas polêmicos
que aqui trazem, ficando todos aqueles que querem se aprofundar numa determinada
matéria, submissos e submetidos a essa operação cisca-cisca, de ficar à procura
de alguém que lhe ceda o tempo, para que possa falar da Tribuna. Hoje eu tenho
um companheiro de Bancada, o Ver. Gilberto Batista, mas até bem pouco tempo eu
não tinha. Eu ficava submetido a que algum dos companheiros, por espírito de
magnanimidade, me passasse a oportunidade para que eu ficasse um pouco mais de
tempo na Tribuna, discutindo uma matéria.
O Ver. Pedro Américo Leal
não deixa de ter razão, pois é comum, é prática que ocorre, as pessoas se
inscrevem e determinados oradores, que pertencem a uma Bancada maior, têm a
garantia de buscar o tempo do Vereador que se inscreveu na undécima hora e
garantir a suplementação do tempo do companheiro que está na Tribuna. A proposta
do Ver. Pedro Américo é inibir esse tipo de situação e garantir a alternância
de opiniões na tribuna, e não que se concentre, em um tempo enorme, na proposta
de um. Agora já é um pouco mais limitado, em período duplo para alguns e
simples para outros, ou seja, aqueles que têm Bancada grande podem jogar com
essa forma, aqueles que não têm não podem jogar com essa possibilidade.
É por isso que retorno a
minha primeira colocação. Espero que a Casa não reconheça que esteja fazendo
uma mea-culpa, quando reduziu de dez para cinco minutos o período em que cada
orador pode discutir a matéria, por mais relevante que seja. E foi isso que
gerou, a partir daquele momento, essa situação que V. Exa. chama de operação
cisca-cisca, o orador está iniciando o seu discurso e já está pensando para
quem vai apelar para se inscrever, para que ele possa continuar falando da
tribuna. Nós temos que ter regras mais definidas, Ver. José Valdir: vale para
todos ou não vale para ninguém. Se as pessoas têm que se ajustar em falar em cinco
minutos, têm que aprender a falar nesse tempo. Não vai poder dar aparte, pois
um aparte, às vezes, consome esse tempo. Mas, na discussão, se o sujeito quer
ser um tanto quanto gentil, quer estabelecer um debate, e pronto! Dá um aparte,
perde dois minutos de intervenção, já guardou o primeiro minuto para saudar o
Presidente da Casa e os demais Vereadores, restam dois minutos para fazer a
conclusão; o raciocínio foi por águas abaixo.
O erro primeiro foi ter
reduzido de dez minutos para cinco minutos, agora que está assim, não podemos
criar um regime alternativo. Os que têm Bancada grande vão ter a possibilidade
de dobrar o seu tempo de qualquer jeito, outros terão que se submeter aos cinco
minutos.
(Aparte anti-regimental.)
Eu recolho os apartes inteligentes,
ainda que eles sejam anti-regimentais. O Ver. José Valdir me diz que as
Bancadas pequenas têm vantagens, porque depois dispõem do encaminhamento e
votação. Mas não estamos discutindo quem vai ter vantagem, quem não vai ter,
estamos discutindo o mais correto, o mais adequado para que o contraditório se
estabeleça no período de discussão. No encaminhamento de votação sabe-se que é
um por Bancada e não dá para fazer transposição de tempo. Nem o Ver. Pedro
Américo Leal pode passar o tempo do PPB para o PFL, nem o PFL pode passar para
o PPB ou para qualquer outro partido. Todos estão iguais nisso. No fundo, já
que a mixórdia está estabelecida...
(Aparte anti-regimental.)
Eu agradeço a V. Exa., por
ser coerente, porque o capitis diminutio
já foi estabelecido, quando, de dez minutos, passaram para cinco minutos.
Reduziram o tempo de discussão, submeto-me à camisa-de-força que nós mesmo
estabelecemos. Em princípio eu seria contra tudo, mas já que o tudo já foi
estabelecido, vou ficar com aquela vírgula do Ver. Pedro Américo Leal que não é
tão ruim quanto é o sistema que atualmente está vigorando. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Isaac Ainhorn está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 08 ao
PR nº 32/97.
O
SR. ISAAC AINHORN:
Senhor Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa tem uma profunda tendência,
muitas vezes autofágica, em que alguns parlamentares se arvoram, de repente, em
corregedores da Casa e começam a criar - sem qualquer crítica, no sentido positivo
-. Lembro que houve uma época em que o Ver. Lauro Hagemann gostava muito do
Regimento - passou dessa fase, felizmente. Ele foi responsável pelo Regimento,
foi o autor do Regimento, criou uma camisa-de-força que nem ele mais entendia
as teias que ele construiu contra ele próprio. Agora, vem o Verereador-Coronel
Pedro Américo Leal com esse conjunto de propostas! Ora, disse bem o Ver.
Reginaldo Pujol que o erro foi a redução do tempo de debate de dez para cinco
minutos, porque o Ver. Pedro Américo Leal - e eu fico espantado - não quer o
debate! Realmente, para quem quer desenvolver o seu conjunto de idéias, cinco
minutos é muito pouco. Invoco um tempo em que eu não me encontrava: a Casa de
Aloísio Filho, de Revoredo Ribeiro, de Martim Aranha e de Say Marques, onde se
debatia um Projeto por duas ou três horas na tribuna. Coisa boa que se debatia!
Coisa boa que os debates se travavam de forma contundente e forte!
O
Sr. Lauro Hagemann: Aí, não havia tantas homenagens nem
discussões paralelas.
O
SR. ISAAC AINHORN: O
Ver. Lauro Hagemann gosta de regulamentos, mas, depois que se dissolveu a União
Soviética, foram-se os regulamentos, Ver. Lauro Hagemann! V. Exa. teima em me
fazer apartes anti-regimentais. Eu sou um desordenador e um desregulamentador.
O Ver. Pedro Américo Leal, que deveria ser o adepto da desregulamentação, por
ser um centro-apoiador do neoliberalismo, é uma voz dissidente, divergente,
porque é oriundo da caserna, é homem de regulamentos, regimentos, e a época,
dentro da concepção neoliberal dele, a qual ele não se enquadra, é a da
desregulamentação. Se estou desenvolvendo um tema neste momento, e o Ver.
Cláudio Sebenelo, mesmo que não seja do meu partido, deseja transferir o tempo
para mim, terminado o tempo do Ver. Cláudio Sebenelo, que eu usei, e o Ver.
Luiz Braz fizer o mesmo, depois, para que eu continue o debate, é positivo. Vão
me dizer que a Bancada maior leva mais vantagem. É óbvio, o povo quis assim! Se
o PT tem doze ou treze Vereadores aqui, temos que nos submeter a essa soberania
popular da correlação de forças.
Hoje, o Ver. Luiz Braz está
defendendo esta tese de mudança do Regimento, porque a Bancada dele não é
majoritária. Fosse majoritária, ele estaria defendendo isso. Agora, ele não
quer que haja cedência de tempo. Eu acho que a cedência de tempo é bom, porque
existe uma tradição ética, nesta Casa, em que aqueles que estão inscritos
autorizam e concordam que o Vereador continue na tribuna para desenvolver suas
idéias, se há Vereadores que querem ceder o tempo para o que está na tribuna.
Isso é bom. Mas o Ver. Pedro Américo Leal, que só gosta de fazer discurso, mas
não gosta de ouvir discursos, quer mudar a regra do jogo. É legítimo, eu
respeito o direito dele de mudar as regras do jogo, mas eu quero dizer,
Vereador-Coronel, que eu não vou-lhe acompanhar. Eu quero o tempo em que o Ver.
João Dib convivia nesta Casa, com o Say Marques, com o Revoredo Ribeiro, com o
Aloísio Filho, com o Martim Aranha, quando os debates se travavam por horas,
porque as idéias só podem se travar em debates grandiosos e esta Casa tem os
seus tempos muitas vezes extremamente reduzidos, querem rapidamente votar.
Vamos votar! Vamos votar! Não, não podemos entrar neste açodamento do “vamos
votar”. Vamos discutir, vamos debater.
E hoje a sociedade tem um
mecanismo novo, que é fundamental, que esta Casa se espraia para o conjunto da
região metropolitana através do vídeo, através da televisão. Então, Ver. Pedro
Américo Leal, eu, lamentavelmente, vou conversar com o Ver. João Dib para que
ele não acompanhe V. Exa.. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 08 ao PR nº
32/97.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, penso que é absolutamente correta a Emenda do Ver.
Pedro Américo Leal. É uma constante criação de constrangimento para quem está
inscrito e não deseja ceder a sua vez para que o outro que está na tribuna
continue falando. Devo dizer, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que quem não
consegue expressar o seu pensamento em cinco minutos, também não o fará em
cinqüenta e cinco. Portanto, Ver. Pedro Américo Leal, voto com V. Exa. Saúde e
paz. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Cláudio Sebenelo está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 08
ao PR nº 32/97.
O
SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, o mundo foi presidido, especialmente neste
século, pela razão, por uma coisa chamada racionalismo, razão. Vejam onde
chegamos! Chegamos à era das catástrofes, era das guerras, toda ela presidida
pelo racionalismo científico. Hoje, começamos a reconhecer que temos emoções e
que, muitas vezes, as emoções não oprimem a razão, ao contrário, razão e emoção
podem andar juntas. O cerceamento que essa infernal “cigarra”, inventada por
esse rito da Câmara Municipal, e que a cada cinco minutos corta a palavra do
orador, é, ao mesmo tempo, um exercício de síntese, mas é, também, um
impedimento do desenvolvimento do debate, é a castração do diálogo, e, em
última análise, é o balizamento, a disciplina, o cerceamento do pensamento e da
liberdade.
Vivemos em comum e, mais do
que isso, convivemos, os trinta e três Vereadores, com a obrigação de dividir
fraternalmente esse tempo de trabalho, muitas vezes, maldividido, muitas vezes
atirado pela janela, como, por exemplo, no Grande Expediente, onde nós
prestamos homenagem a toda sociedade de Porto Alegre e o debate, a troca da
idéia política desaparece.
É necessário um tempo maior,
é indispensável a cessão de tempo para o debate. Mas, acho, também, que temos
que ser disciplinados e, muitas vezes, eu ultrapasso esse tempo, me rebelando
contra esse despertador que me aniquila, que me tira toda a possibilidade de
raciocínio e embota toda a conclusão que eu queira, de qualquer maneira, chegar
perante os Vereadores, os nossos telespectadores e, principalmente, perante a
mim mesmo.
Gostaria muito que um dia
nós tivéssemos a medida exata do tempo, mas também a medida exata das nossas
proporções para quando falássemos aqui, adicionássemos algumas coisas,
trouxéssemos alguma contribuição importante, estudássemos os assuntos,
escrevêssemos e fôssemos absolutamente objetivos. Hoje, muitas vezes,
desperdiçamos nosso tempo precioso com futilidades, com inutilidades e com uma
série de outras atividades que poderiam ser desenvolvidas em horas fora do
funcionamento do Plenário, como nas terças e nas quintas-feiras poderiam ser
feitas as grandes homenagens da Câmara. Jamais permitir que invadissem o Grande
Expediente. Por isso falo hoje em nome da minha Bancada, dizendo que eu quero
tempo, preciso de tempo. Mas o tempo, que é muito pequeno para pensar, é muito
grande, por outro lado, para a mesquinhez dos pensamentos, muitas vezes,
apresentados aqui.
Portanto, Sr. Presidente,
peço que mantenham a cessão do tempo aos oradores, porque, nesta tribuna, tempo
vale ouro. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação nominal a Emenda nº 08 ao Projeto de Resolução nº 32/97 solicitada pelo
Ver. Renato Guimarães. (Após a chamada nominal.) REJEITADA por 13 votos NÃO,
e 12 votos SIM.
Em votação a Emenda nº 9
aposta ao Projeto de Resolução nº 32/97.
O Ver. Pedro Américo Leal
está com a palavra para encaminhar.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, de todo esse trabalho que foi feito em três dias,
há um ano e tanto, repentinamente enviado pelo ex-Presidente Clovis Ilgenfritz,
eu desapareci por três dias para poder fazer esse trabalho e, praticamente, o
fiz sozinho. Eu tinha certeza de que essa Emenda seria aceita, uma das que eu
tinha certeza, justamente, não foi. V. Exas. poderão aquilatar, mais adiante,
se não seria de bem para o Plenário.
Vamos à Emenda nº 9: o que
ela diz sobre a Resolução da Mesa? Ela é explícita. Eu fiz uma modificação,
colocando em vez de 35 minutos, 40 minutos; em vez de sete oradores, oito
oradores.
Respondendo ao Presidente,
que me deu a honra de manifestar o seu temor, diante da experiência que tem,
face ao que iria esboçar-se no elenco das atividades da Casa. Eu posso lhe
afiançar que não se dará isso, porque tem o Expediente, a Tribuna Popular - que
eu perdi -, logo depois entram as Comunicações e a Pauta.
V. Exas. hão de compreender
que quarenta minutos é um bom tempo. Digamos que haja vinte minutos para o
trabalho de chamada, em uma hora, uma hora e meia estaremos na Pauta;
desembocaremos na Pauta, com naturalidade. Não há este temor, por conseguinte.
E o que é que eu coloquei?
“Sendo a chamada irrevogável, não podendo ser alterada”. Eu tento colocar
ordem. Não é possível a Mesa ficar subordinada ao livre arbítrio dos
Vereadores: um chega, quer ser chamado, porque estava no gabinete, então o
Vereador fica agastado com a Mesa, porque a Mesa não se lembrou e não lhe deu
essa concessão. É irrevogável. A Mesa não tem mais nada a fazer depois da
chamada.
E por que mudei para quatro horas e meia a duração da Sessão? A
Sessão não terá mais quatro horas, mas quatro horas e meia, porque, com folga,
V. Exa. poderá disciplinar os trabalhos.
Este tempo aqui, que é de
cinco minutos somente, com folga vai desembocar às 18h30min, que é quando
terminam os trabalhos, e não mais às 18h. Com facilidade, com bastante
naturalidade a Mesa comanda os trabalhos de Plenário. Porque o grande trabalho
é a possibilidade de a Mesa não ter atritos com o Plenário. Esse é o grande
trabalho.
V. Exas. não me escutaram.
Eu tentei falar sobre as vantagens da Emenda: oito oradores com cinco minutos,
que dão quarenta minutos. V. Exas. poderão falar a vontade, política,
administrativamente, como quiserem.
Dou por encerrado o meu
pronunciamento. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Está em
votação a Emenda nº 9 do Projeto de Resolução nº 32/97. Os Srs. Vereadores que
a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.
Antes de passarmos à próxima
Emenda coloco em votação a prorrogação da Sessão por duas horas. Os Srs.
Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA com os votos contrários da Bancada do PSB, Ver. Carlos
Alberto Garcia e Hélio Corbellini.
Em votação a Emenda nº 10.
(Lê a Emenda.) Em votação. (Pausa.) O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para encaminhar.
O
SR. PEDRO AMÉRICO LEAL:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu coloquei, aqui, a necessidade de se indicar
qual é o artigo que vai ser solicitado na Questão de Ordem, sem o qual a Mesa
não pode dar a Questão de Ordem e, em termos educados. O Vereador não pode
afrontar a Mesa. O Vereador não pode discutir com a Mesa, sequer. Muito
obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Elói Guimarães está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 10 ao
PR nº 32/97.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, acho que a Emenda, aqui examinada pelo Ver. Pedro
Américo Leal, trata-se de uma Emenda importante. A minha desconformidade à
mesma, se dá com o vernáculo colocado, o termo colocado, “de forma educada”.
Pressupõe-se, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, até prova em contrário, juris tantum, por assim dizer, de que as
ações parlamentares são educadas. Elas têm a obrigação de serem educadas; é
dever.
Essa expressão “de forma
educada”, Ver. Pedro Américo Leal, não sintoniza com a melhor técnica
legislativa num preceito de lei. Eu não sei como é que se poderia destacar a
expressão ou encontrar uma maneira que tirasse o “educado” na forma do Regimento.
O termo “educado” me parece
que contraria o preceito que deve constar da lei e cria, para os Vereadores e
para a Casa de modo geral, a presunção de ações não educadas. A regra é serem
as atitudes educadas. Então, pela exceção dos deseducados - vamos admitir por
exceção os deseducados -, não devem pagar os educados. É neste sentido que eu
apelaria a V. Exa. A Emenda de V. Exa. é boa, foi muito bem estudada. A questão
básica e fundamental é de redação. É o termo que me parece inadequado a um preceito
de lei. Neste sentido, com as observações aqui trazidas, eu, evidentemente,
voto a favor. Mas gostaria que pudéssemos tirar o termo “educado”, e buscar -
não sei se a essa altura, regimentalmente, seria possível - outro termo que o
substituísse. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Em
votação a Emenda nº 10 ao Projeto de Resolução nº 032/97. Os Srs. Vereadores
que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA por unanimidade.
Em votação a Emenda nº 11 ao
Projeto de Resolução nº 032/97. O Vereador João Dib, autor da Emenda, está com
a palavra para encaminhar.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores. Sou engenheiro civil; Vereador há 28 anos. A minha
primeira Comissão na Câmara Municipal foi exatamente a Comissão de Justiça. E
hoje tenho reclamado com muita freqüência que a Comissão de Justiça dá seus
pareceres e votos à semelhança das demais Comissões. A Comissão de Justiça não
pode votar pela aprovação. Se eu voto pela aprovação, dou a entender que estou
concordando. A Comissão de Justiça deve votar pela tramitação, que era assim
que se fazia quando entrei na Câmara Municipal, e era correto.
Nós, aqui, apresentamos
leis, leis e mais leis. A Procuradoria da Casa diz que é inconstitucional,
inorgânico e que não pode ser apresentado Projeto. Apresenta; a Comissão de
Justiça dá pela rejeição; o autor tem cinco dias de prazo para que justifique;
os cinco dias passam e já está na Comissão de Finanças o processo.
Então, nós teríamos muito
menos trabalho nesta Casa se déssemos à Comissão de Justiça o respeito que ela
merece e que deve ter. Se a Comissão de Justiça entendeu que é ilegal e
inorgânico, o autor do Projeto, se tiver uma contestação à altura, terá que ter
a aprovação do Plenário. Com isso, estaremos diminuindo o número enorme de
vetos que ocorrem aqui com tanta freqüência. Iniciamos o ano, geralmente, com
quinze a vinte vetos, e as matérias ficam sobrestadas, com complicações sérias
para a Casa. Se tivéssemos, por parte da Comissão de Justiça, a orientação de
que pode tramitar ou não, estaríamos chegando mais perto de um trabalho
perfeito e de um trabalho muito mais aproveitável. Portanto, sugiro que se
aprove essa Emenda, porque é em benefício de toda a Casa e do processo
legislativo. Saúde a paz!
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
José Valdir está com a palavra para encaminhar a votação da Emenda nº 11 ao PR
nº 32/97.
O
SR. JOSÉ VALDIR: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, quando fazemos um Regimento desse tipo,
obviamente, imaginamos uma situação perene, embora saibamos que, a todo
momento, a realidade se modifica e novas exigências surgem, tanto que o
Regimento constantemente tem que ser alterado.
Mas, eu entendo que há duas
preocupações essenciais numa Casa Legislativa que devemos preservar: o equilíbrio
entre as Comissões e a agilidade do processo legislativo. Qualquer modificação
que fizermos, temos que atentar para esses dois aspectos.
Parece-me que essa Emenda,
eu entendo as razões que levam o Ver. João Dib ao fazê-la, tem problemas nesses
dois aspectos. Se toda a vez que tivermos um parecer contrário da CCJ, tivermos
de pedir autorização do plenário para tramitar, estaremos delegando a essa
Comissão um poder maior, superior às demais Comissões, que é o de provocar uma
pré-votação do Projeto no Plenário.
Independente da maioria das
Comissões darem parecer favorável ou julgar o mérito, basta que a CCJ dê um
parecer contrário, para provocar um pré-julgamento do Projeto no Plenário.
Eu acredito que os
Vereadores devem pensar bem sobre certas situações que acontecem seguidamente
nesta Casa, principalmente, a oposição que faz Projetos que invadem a
competência do Executivo, inclusive, esta Emenda do Vereador dificulta esse
tipo de Projeto da própria oposição. O que acontece toda a vez que esses
Projetos que invadem a competência do Executivo são apresentados? A CCJ vai ter
que dar, como tem dado, parecer contrário. Aí, esse tipo de Projeto provocará
uma pré-votação no Plenário para poder tramitar, diferentemente dos outros
Projetos.
Então, nós vamos criar uma
situação onde determinados Projetos e, casualmente, chamo a atenção da
oposição, principalmente para os Projetos oriundos da oposição que são em maior
número, invadem a competência do Executivo, terão que ter uma primeira votação
no Plenário para se saber se podem tramitar, e uma segunda quando se for
analisar o mérito. Nós vamos criar uma situação muito complicada, em que a CCJ
vai ter um poder superior ao das demais Comissões, o que vai interferir no
equilíbrio entre as Comissões.
Em segundo lugar, vai
dificultar a agilidade do processo legislativo sobre uma série de Projetos,
justamente os Projetos que são feitos pela oposição. O que eu estou dizendo não
é uma invenção. Basta olhar a maioria dos Projetos, aqui - e é normal isso -: a
oposição tem que forçar, apresentar, muitas vezes, Projetos que invadem a
competência do Prefeito. Esses Projetos deverão sofrer duas votações no
Plenário. Portanto, a Emenda do Ver. João Dib prejudica muito mais a oposição
do que a situação, embora não estejamos votando com base nisso. Mas pensem V.
Exas que para todos os Projetos que invadem a competência do Executivo a CCJ
vai dar parecer contrário, porque ela tem que fazer assim - isso é coerente, e
a CCJ o tem feito - e esses Projetos, para serem apreciados em Plenário terão
que sofrer uma primeira apreciação e deverá ser autorizado pelo Plenário. Isso
vai ferir a segunda característica que o Parlamento tem que ter: a agilização
da votação. Eu penso que basta a CCJ dar o parecer contrário, faz-se a
contestação como está no Regimento, e, na hora de se votar, vê-se do mérito, ou
não, do Projeto, se deve ser aprovado, ou não.
Em vez de estarmos
agilizando, nós vamos estar burocratizando o processo. Então, eu sou contra
isso por essas duas razões: ela desequilibra as Comissões, porque estabelece um
superpoder para a CCJ, e burocratiza o processo legislativo, dificultando a sua
agilização. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Com a
palavra para encaminhar o Ver. Elói Guimarães, com a aquiescência do Ver.
Fernando Záchia.
O
SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, acho que o Ver. João Dib coloca uma inquietação
da qual partidarizo, mas falta direção nesse assunto. Diria que é matéria que,
aqui, na Cidade diríamos que tem que ser maturada, e lá no interior, apojada.
Ou seja, é uma matéria que tem que ser mais trabalhada, para que se estabeleça,
concretamente, a intenção do Ver. João Dib. Porque a Comissão de Constituição e
Justiça quando vota, dá o parecer a favor ou contra, o que ela faz: examina a
questão da legalidade e da constitucionalidade.
Então, ela coloca a sua
opinião na legalidade ou na inconstitucionalidade. Esta é uma decisão, do ponto
de vista legal, terminativa. Evidentemente que no Plenário ela pode sofrer os
influxos de estarmos numa Casa política, onde fatores sociais e outros
componentes integram essa relação que se pretende estabelecer.
A sua inquietação está
posta, Ver. João Dib, dela partidarizo, mas precisaríamos melhor
instrumentalizar, melhor maturar a idéia que V. Exa coloca, no sentido de se
buscar, efetivamente, uma disposição que atenda a essa preocupação que, de
resto, é de todos. Atendida a sua iniciativa e considerando o número de
Projetos inconstitucionais e ilegais que tramitam na Casa, criaríamos uma burocratização
de difícil administração na Casa, Sr. Presidente, adotando estes critérios de
ter que pedir ao Plenário a autorização para submeter a matéria em discussão.
Neste sentido, com as
ressalvas já colocadas, coloco-me contrariamente à iniciativa que é formulada e
sustentada pelo Ver. João Dib. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
Luiz Braz está com a palavra para encaminhar.
O
SR. LUIZ BRAZ: Sr.
Presidente, Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores, hoje nós temos todas as condições
para que uma matéria considerada inconstitucional não venha a tramitar na Casa,
porque o Presidente tem ordenamento do nosso Regimento para que matéria
considerada inconstitucional pela Procuradoria, que dá o parecer inicial, se o
Presidente assim o quiser ele retira a matéria e não deixa tramitar. O
Presidente tem hoje essa possibilidade, mas normalmente não se faz. Eu não fiz
na minha época, o Ver. Nereu D’Ávila também não faz, outros Presidentes também
não fizeram, porque os Presidentes querem deixar que as matérias possam ser
discutidas.
E quando chega na Comissão
de Justiça, aí o perigo: ninguém pode dizer o seguinte: a Comissão de Justiça é
composta só por advogados. Não é verdade, porque eu não estou fazendo regra
para esta Comissão de Justiça, estou fazendo uma regra que deve valer para
todas as Comissões de Justiça que estiverem atuando na Casa.
E eu não sei se os próximos
Vereadores a serem eleitos e que vão compor a Comissão de Justiça serão
advogados ou não, porque não está, na verdade, no nosso arbítrio dizer que os
Vereadores da Comissão de Justiça serão todos advogados. E aí, como eu vou
discutir tecnicamente inconstitucionalidade lá na Comissão de Justiça?
Normalmente, as discussões
que são feitas na Comissão de Justiça, muito embora eu respeite todos os
membros da Comissão e o Presidente Ver. Elói Guimarães, não são puramente
técnicas: também são discussões políticas. E aí eu vou ter Projetos e mais
Projetos sendo votados duas vezes aqui no Plenário.
Ora, eu já tenho, hoje, uma
carga de Projetos a ser votada, que é mais do que suficiente que a capacidade
que temos de votar Projetos durante todo o ano. Tanto é que sempre de um ano
para outro sobram grandes quantidades de Projetos apresentados, exatamente
porque não temos capacidade para apreciar todas as proposições que vêm para
esta Casa. Eu acredito que no sistema adotado, quando uma proposição é
considerada inconstitucional, o próprio Vereador acaba fazendo a sua
ponderação, enviando-a para a Comissão de Justiça, e o processo segue, juntamente
com esse parecer do próprio Vereador, que será analisado no final. Lá no final,
os Vereadores podem chegar à conclusão de que realmente a matéria é
inconstitucional, e há várias formas de uma matéria ser gravada com o vício da
inconstitucionalidade, em função do vício de origem. Nós sabemos que o vício de
origem pode ser vencido com a sanção do Sr. Prefeito, mas a Comissão de Justiça
é obrigada a dar pela inconstitucionalidade, por causa do vício de origem. Às
vezes, boas matérias deixam de tramitar ou vão ser discutidas duas vezes,
ocupando por dois momentos o tempo no Plenário, quando, na verdade, poderíamos
estar decidindo exatamente como fazíamos no momento em que a matéria é
considerada inconstitucional pela Comissão de Justiça, mediante o parecer do
próprio autor, continua a sua tramitação.
Eu acho que a intenção do
Ver. João Dib é muito boa, só que, pela quantidade de proposições que temos no
Plenário, acredito que a boa intenção do Vereador não se transformaria numa
forma ideal de apreciarmos Projetos neste Plenário. Com isso, apenas tomaríamos
tempo do Plenário e não estaríamos fazendo com que tivéssemos um filtro maior
para as proposições apresentadas. Acredito que a forma atual, se não é a forma
perfeita, é, pelo menos, a que temos para o momento. A proposição do Ver. João
Dib, muito embora com boa intenção, como sempre faz, não melhora o sistema que
temos no momento. Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: O Ver.
João Dib está com a palavra para encaminhar.
O
SR. JOÃO DIB: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, há 28 anos atrás, quando ingressei nesta Casa,
engenheiro civil, eu fazia parte da Comissão de Justiça e tinha o inesquecível
Ver. Clóvis Paim Crivot, como Presidente, Glênio Peres, José Vecchio, Wilson
Arruda. Dos cinco só sobra este Vereador. Mas eu mantenho as idéias, só tinha
um advogado. Nós temos, nesta Casa, uma competente Procuradoria que nos
informa, nos traz todos os dados para cada Vereador analisar. O Congresso
Nacional, quando a Comissão de Justiça manda arquivar, arquiva. Não tem por que
não fazer assim. Se nós juramos cumprir a Lei Orgânica, se nós juramos cumprir
a Constituição, por que não aceitar a decisão da Comissão de Justiça que pouco
me importa se todos são advogados ou não. Todos são competentes, todos são
assessorados, não só pela Procuradoria como pelo próprio secretário da
Comissão. Na Comissão tem também o assessor jurídico. Não há por que não
aceitar a proposição.
O que acontece nesta Casa é
que os Projetos são apresentados, e a Comissão da Justiça, volto a dizer, não
pode votar pela aprovação, tem que votar pela tramitação ou pelo arquivamento.
Quando eu pertencia à atual Comissão de Justiça eu votava, nos primeiros dias,
pela tramitação, aí me disseram que não, que eu tinha que votar pela aprovação.
Como sou obediente fiz isso. Mas a Comissão é muito bem presidida pelo Ver.
Elói Guimarães, o Ver. Cyro Martini, o Ver. Juarez Pinheiro, o Ver. Guilherme
Barbosa, engenheiro como eu, Ver. Reginaldo Pujol, advogado, Ver. Fernando
Záchia, homem experiente, Dr. Cláudio Sebenelo, experiente, pessoas que sabem
ou exerceram a administração sentem, porque direito é, acima de tudo, bom
senso, e quando está escrito na Lei Orgânica e na Constituição, e quando tem
uma Procuradoria competentíssima para nos orientar, não há por que não fazer. O
que acontece hoje? Eu apresento um Projeto de Lei, sei que é inorgânico, sei
que é inconstitucional, e a Comissão de Justiça vota pela rejeição. Então, são
dados cinco dias de prazo para que eu me manifeste. Mas, antes que os cinco
dias sejam utilizados, muitas vezes, o Projeto já está na Comissão de Finanças.
E eu não tenho conhecimento de um caso só, em que a justificativa do Vereador
não tenha sido aceita. Eu tenho lido porque eu presto atenção. Não vejo nem pé nem
cabeça na justificativa da maioria delas. Eventualmente há algumas que fazem
balançar. Se no Congresso Nacional e na Assembléia a Comissão de Justiça tem
importância, e é realmente a mais importante, não há por que não lhe dar
importância nesta Casa, porque é a Comissão que trabalha mais, visto que todos
os Projetos e Requerimentos passam na Comissão de Justiça; nas outras, passam
alguns. Cada um dentro de sua competência, e a competência da Comissão de
Justiça é a de dizer pela tramitação porque atende aos requisitos da Lei
Orgânica, da Constituição, pode tramitar, ou arquive-se.
Evidentemente, não estou
preocupado com o resultado da votação da Emenda que eu propus. Eu quero dizer
que é uma Emenda ditada pelo bom senso, tão somente isso. Se rejeitarem, continuo
com a mesma tranqüilidade, respeitando a Comissão de Justiça e as demais
Comissões. Continuarei dando meus pareceres na Comissão de Finanças, a qual
pertenço, com a mesma tranqüilidade de sempre. Espero que aprovem, mas se não
aprovarem, volto a dizer saúde e paz! Muito obrigado.
(Não revisto
pelo orador.)
O
SR. PRESIDENTE: Senhores
e Senhoras Vereadoras, informo a V. Exas. que estamos tratando e votando
Emendas ao Regimento. Essas alterações do Regimento requerem maioria absoluta,
dezessete Vereadores. Neste momento, estamos com quatorze Vereadores em
Plenário. Portanto, não há quórum.
Estão encerrados os
trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se a
Sessão às 18h39min.)
* * * * *